Quase 40 por cento dos canadianos estão a almoçar nas suas secretárias – um número que reflete as crescentes pressões no local de trabalho, bem como a mudança de atitudes em relação às refeições, diz o autor principal de um novo estudo que avalia os hábitos alimentares do país.
A pesquisa, que foi conduzida pela Universidade Dalhousie da Nova Escócia, descobriu que 39% dos inquiridos comiam no local de trabalho, em comparação com 37% que almoçavam em casa. Os restantes 24 por cento almoçavam numa cafetaria ou numa sala tipo cozinha.
“Isso é realmente um indicador da pressão que os trabalhadores enfrentam”, sublinha o autor principal, Sylvain Charlebois, professor de política e distribuição de alimentos da Dalhousie.
Charlebois e a sua equipa descobriram que 72% dos respondentes preparavam os seus próprios almoços de trabalho, enquanto que 24% compraram os seus almoços para comer fora ou optaram por comer em restaurantes.
O estudo dá a entender que as pessoas no Canadá atlântico comem o almoço no local de trabalho mais frequentemente (quase 50 por cento). Eles também são muito mais propensos a comer sozinhos, com 68% a admitir essa realidade.
Charlebois disse que a discrepância no Canadá atlântico permanece “um mistério”, embora ele tenha citado uma população mais idosa e as maiores distâncias de viagem como possíveis fatores.
Apenas 36 por cento dos quebequenses comem o almoço sozinhos, enquanto que o número é de 61 por cento no Ontário.
Quando se trata do jantar, os canadianos estão a voltar-se cada vez mais para as refeições prontas ou a optar por ter a refeição nos restaurantes, conclui o estudo.
Cerca de 41% dos entrevistados relataram fazê-lo uma ou duas vezes por semana, enquanto que três por cento disseram que o faziam todos os dias.
Apenas 18 por cento dos participantes disseram que nunca comeram em restaurantes ou compraram refeições prontas para o jantar.
Charlebois observou que os pontos de venda estão a oferecer mais opções de pratos prontos a comer e a adicionar mais mesas e cadeiras para que as pessoas consumam comida no local, como forma de impulsionar a tendência.
O estudo descobriu que os homens eram mais propensos do que as mulheres a comer em restaurantes e que as pessoas solteiras fazem isso com mais frequência do que aqueles que são casados, separados ou divorciados.
Enquanto isso, mais de dois terços dos entrevistados – 67 por cento – afirmaram que eles tomavam o pequeno-almoço sozinhos a maior parte do tempo, em comparação com 30 por cento que tomam a refeição matinal com a família ou amigos, e três por cento que o fazem com os companheiros de quarto.
O estudo também indicou que as mulheres eram três vezes mais propensas do que os homens a ignorar o pequeno-almoço.
Em conjunto, Charlebois sublinha que os resultados do estudo mostram o que ele define como “desintegração completa dos nossos hábitos de refeição” e o abandono da estrutura tradicional de três refeições por dia.
Ele acredita que os dietistas e nutricionistas poderão ter que ajustar o tipo de conselhos que eles dão ao público, à luz da mudança dos hábitos alimentares.
O estudo pesquisou 1019 adultos canadianos em março e abril e tem uma margem de erro de 3,1 pontos percentuais.
Fonte: Canadian Press