
Washington, 05 nov 2025 (Lusa) – O Departamento de Defesa dos Estados Unidos (EUA) anunciou mais um ataque contra uma embarcação alegadamente operada por uma organização terrorista no leste do oceano Pacífico, confirmando a morte de duas pessoas.
“Vamos localizar e destruir todas as embarcações que pretendam traficar droga para os Estados Unidos com o objetivo de envenenar os nossos cidadãos”, disse o secretário da Defesa norte-americano, ao confirmar o novo ataque.
Peter Hegseth informou que a operação decorreu na terça-feira, em águas internacionais do Pacífico, perto da Colômbia, através de uma mensagem na rede social pertencente ao Presidente norte-americano, Donald Trump, e acompanhada por um vídeo do ataque.
“Os serviços de informação confirmaram que a embarcação estava envolvida no tráfico ilícito de droga, que navegava numa rota conhecida por este tipo de atividade e que transportava estupefacientes”, acrescentou Hegseth.
A campanha realizada desde o início de setembro contra embarcações de alegados narcotraficantes nas Caraíbas já envolveu, com este, 17 ataques aéreos, que resultaram na morte de, pelo menos, 67 ocupantes das embarcações visadas.
Estes ataques e as questões que levantam do ponto de vista dos direitos, liberdades e garantias, incluindo direitos humanos, têm suscitado a condenação de várias organizações internacionais. O Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, afirmou na passada sexta-feira que os ataques militares dos Estados Unidos contra barcos no Mar das Caraíbas e no Oceano Pacífico oriental são “inaceitáveis” e devem parar.
“Estes ataques e os crescentes custos humanos são inaceitáveis. Os Estados Unidos devem acabar estes ataques e tomar todas as medidas necessárias para impedir a execução extrajudicial de pessoas a bordo destes barcos”, afirmou Ravina Shamdasani, porta-voz do gabinete de Türk, que pediu uma investigação sobre os ataques.
A campanha é apresentada pelos EUA como uma luta contra o tráfico de drogas, mas aumentou também tensões regionais, especialmente com a Colômbia e a Venezuela, com Caracas a acusar Washington de estar a preparar um ataque militar.
No domingo, Donald Trump disse que “não acredita” que os Estados Unidos entrarão em guerra com a Venezuela, mas evitou confirmar ou negar se o seu governo tem planos de ataque.
Numa entrevista no programa “60 Minutes” da CBS, quando questionado sobre se os Estados Unidos “entrarão em guerra com a Venezuela”, Trump respondeu: “Duvido. Não acredito nisso. Mas eles têm-nos tratado muito mal”, após o que mencionou o tráfico de drogas e a imigração ilegal de criminosos venezuelanos para os Estados Unidos.
Posteriormente, quando questionado pela jornalista Norah O’Donnell sobre possíveis ataques dos Estados Unidos a alvos em território venezuelano, Trump respondeu que não queria dizer “se é verdade ou não” e acrescentou que não revelaria “a uma jornalista” se os Estados Unidos vão “atacar ou não”.
Antes, ao descer do Air Force One, Trump foi questionado sobre eventuais planos concretos dos Estados Unidos para um ataque à Venezuela, ao que respondeu de forma semelhante.
“Como posso responder a uma pergunta como essa? Há planos para um ataque à Venezuela? Quem diria isso? Supondo que houvesse, acha que lhe diria isso? Honestamente? Sim, temos planos. Temos planos muito secretos”, acrescentou, criticando novamente a pergunta.
Trump acusou o Governo da Venezuela de enviar para os Estados Unidos “milhares de pessoas de prisões, instituições psiquiátricas e viciados em drogas”.
Entretanto, Trump enviou para as Caraíbas o USS Gerald R. Ford, o maior e mais sofisticado porta-aviões norte-americano.
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