
Riba de Ave, Braga, 27 nov 2025 (Lusa) – O espetáculo de circo contemporâneo “Liberdade Liberdade”, de Diogo Freitas, em estreia na sexta-feira em Vila Nova de Famalicão, parte das cartas dos avós de um dos intérpretes para chamar a atenção para a instabilidade política.
O espetáculo coloca em palco no Teatro Narciso Ferreira, em Riba de Ave, duas personagens (interpretadas pelo português David David e pela eslovena Tjasa Dobravec, vencedora do Got Talent do seu país e primeira protagonista eslovena de um espetáculo da companhia Cirque de Soleil) que atravessam diferentes fases: a ditadura e o que vem depois dela.
Em declarações à Lusa, o responsável pela direção e pela dramaturgia, Diogo Freitas, explicou que o espetáculo nasce da vontade de assinalar os 50 anos do 25 de Abril de 1974 e o fim da ditadura, mas também parte das cartas trocadas pelos avós de David David durante a Guerra Colonial.
“Espelhámos isto na dramaturgia, há uma narrativa comum, partimos deste objeto textual [que são as cartas] para uma comunicação não verbal, apenas física. Como é que transportamos isso para um objeto de circo? Fizemos uma linha narrativa, dramatúrgica, e encontrámos este lugar de um espetáculo de fases, em que na primeira fase representamos a ditadura e depois, em oposição, trabalhamos a questão do fim da ditadura”, afirmou Diogo Freitas.
O também diretor artístico da companhia Momento – Artistas Independentes explicou que se interessa por “mostrar uma coisa como foi, uma coisa para onde [se está] se calhar a caminhar também” e fazer uma espécie de “chamada de atenção”.
No espetáculo, o público coloca-se à volta de um palco que tem ao centro uma estrutura de metal com um mastro, que oscila consoante a disposição do peso, como um pequeno barco, transmitindo uma ideia de instabilidade e de agitação, do passado, mas também do presente.
“A cenografia é um bocado o espelho da liberdade e deste lugar democrático que estamos a perder”, disse Diogo Freitas sobre o espetáculo que inaugura a recém-criada companhia de circo Ângulo Crítico, sediada em Santo Tirso.
Na primeira parte do espetáculo, os dois protagonistas mantêm-se afastados, andam em torno da estrutura central, sempre à distância um do outro, enquanto se ouvem ao longe discursos do Estado Novo. Na segunda, juntam-se sobre a estrutura de metal, aproximam-se, com maior ou menos instabilidade na peça que os sustenta.
“Liberdade Liberdade” estreia-se no Teatro Narciso Ferreira na sexta-feira, com repetição no sábado, seguindo depois para o Ponto C, em Penafiel, nos dias 27 e 28 de dezembro.
Em Vila Nova de Famalicão, os bilhetes custam dois euros para o público em geral e um euro para estudantes, seniores ou portadores do cartão Quadrilátero Cultural.
Em 2026, o espetáculo vai circular por Lagos, Lagoa, Ponte de Lima, Santana (Madeira) e Aveiro.
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