O primeiro-ministro britânico, David Cameron, está desde há uma semana dedicado, exclusivamente, à campanha a favor do “Não” à independência da Escócia, cujo referendo se realiza depois de amanhã. Inclusivamente, já foi pressionado para pedir à Rainha Isabel II no sentido de interferir em nome da Grã Bretanha.
Esta união tem 307 anos e que se saiba nem sempre foi pacífica. O Reino da Escócia foi um Estado independente entre os anos 843 e 1707. Nessa altura, os Parlamentos escocês e inglês foram dissolvidos para dar lugar ao Parlamento da Grã-Bretanha, através do chamado Tratado da União. Mas já nessa ocasião, esse Tratado não foi pacífico e, pelo que se diz, foi assinado à pressa e às escondidas com receios de revolta popular em Edimburgo.
Desde então, a mensagem dirigida à Escócia sempre foi a de que com a nova forma de governação, os interesses nacionais da Escócia estariam mais defendidos e protegidos. Volvidos todos estes anos parece, afinal, que pouco serviu esta passagem de ideias e de convencimento feitas de geração para geração. Ao fim de 307 anos, os escoceses querem saber se vão continuar como estão ou se, definitivamente, se separam da Grã-Bretanha.
Se depois de amanhã ganhar o “Não”, tudo segue o caminho com mais ou menos reforma que se torne imprescindível para contentamento de alguns. Mas se vencer o “Sim”, as incertezas serão muitas. Primeiro dentro da própria Escócia, depois no Reino Unido e, finalmente, na União Europeia, que está preparada para receber novos países e nunca para o desmembramento destes.
Há quem compare a Escócia como um novo Canadá. A Rainha, apesar de pressionada para interferir a favor da União, seguirá sendo, para já, a soberana da Escócia, aconteça o que acontecer na votação do referendo. Segundo as últimas sondagens, o equilíbrio está ao rubro. Qualquer das partes pode ganhar e se vencer o “Sim” há coisas que mudam de imediato, mas há outras cuja resolução se vão prolongar pelo tempo e com consequências imprevisíveis. É o caso do petróleo do Mar do Norte, cuja disputa legal começará no dia seguinte.
Como será com a moeda? Teremos uma libra partilhada? Qual será o impacto económico em todo o espaço do Reino Unido? O sistema bancário Britânico poderá conhecer uma nova crise, períodos de instabilidade, incertezas e muita turbulência. Os do “Não” defendem que a Escócia é muito importante para a Grã-Bretanha. Os outros baseiam-se no elevado nível cultural da população como pilar suficiente para se ultrapassar todos esses obstáculos. A Europa aguarda para ver e como fazer. E em função deste resultado olha-se já para a experiência espanhola da Catalunha que pretende realizar o mesmo tipo de referendo.
A Direção