Encontro sem chouriços, mas com boa disposição

Correio da Manhã Canadá

Em 2018, Justin Trudeau anunciava, aquando da visita de António Costa ao Canadá, para as comemorações do Mês da Herança Portuguesa, que nos tempos de juventude tinha feito campismo em Portugal. “Não se vive até se acampar em Portugal e sem comer o chouriço e ainda beber vinho tinto”, afirmou na época, surpreendendo com estas palavras boa parte dos seus convidados presentes no almoço oficial. Três anos volvidos, com uma pandemia ainda a assolar o mundo, o encontro passou de físico a virtual. Os dois amigos, como afirmaram, já se tinham encontrado, recentemente, em Bruxelas. O encontro foi mais formal do que outra coisa. Desta vez deixaram o protocolo de parte e falaram como se estivessem num qualquer parque de campismo português. Embora, tenha havido questões importantes, como questões alusivas ao meio ambiente. No entanto, o foco foi sempre a contribuição portuguesa no Canadá. Uma boa conversa entre dois líderes que vale a pena seguir, caro leitor.

Para a comunidade portuguesa, ressalvo o anúncio de Julie Dzerowicz. A deputada federal por Davenport tem planos para as pequenas empresas luso-canadianas no Canada Summer Jobs, assim como para o ensino da língua de Camões no país que acolhe cerca de meio milhão de cidadãos portugueses e luso-descendentes. Ora, Julie revelou que parte dos 1,9 milhões de dólares no Canada Summer Jobs vão servir para apoiar a comunidade portuguesa. Estamos aqui a falar de um apoio que vai ajudar a alavancar a economia de muitas empresas que viram a pandemia como o principal inimigo das suas bolsas. Contudo, não só os pequenos empresários vão lucrar com este apoio. O Abrigo center, como organização sem fins lucrativos, vai constar nos objetivos delineados por Julie Dzerowicz. A deputada federal quer apoiar uma casa cuja missão passa por oferecer apoio e assistência às mulheres que falam português e que são vítimas de violência doméstica. É o mundo a evoluir como deve ser.

Contente deve estar António Costa, por ver os seus conterrâneos a serem bem tratados no país de acolhimento. Aliás, o primeiro-ministro de Portugal tem primos no Canadá. Fez questão de o dizer a Justin Trudeau. No fundo, é como se, agora, cada português conhecesse alguém que vive no Canadá. Graças ao amigo do lado de lá do oceano. O tal dos chouriços e do vinho tinto.