“Ele deu a vida pelos bombeiros”, desabafa, em lágrimas, Ashley da Costa, amiga de Bernardo Cardoso, 18 anos, o quarto bombeiro que morreu no combate ao incêndio do Caramulo, que ontem foi a sepultar em Carregal do Sal.
O corpo do bombeiro chegou ao quartel de Carregal do Sal às 16h45. Os seus colegas, amigos e familiares não contiveram a emoção e agarraram-se uns aos outros. Os pais “vão levar anos para recuperar deste choque, porque perderam o único filho”, desabafam amigos da família.
Foi num ambiente de grande pesar que se realizou a missa de corpo presente. À semelhança do que aconteceu no funeral de Cátia Dias, sobre a urna estava o equipamento que o bombeiro usava e uma mensagem que espelha o sentimento dos voluntários: “Os bombeiros não morrem. Reagrupam-se no céu para combater as chamas do inferno.”
Mais de duas mil pessoas participaram na cerimónia, entre elas centenas de bombeiros de todo o País, o ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, e o presidente da Liga dos Bombeiros, Jaime Soares. Atílio Nunes, presidente da Câmara de Carregal do Sal, realçou “o amor” que este jovem tinha aos bombeiros. “O pai dele diz que ele fugia para vir para aqui [para os bombeiros]. É muito triste. Ele era um bom rapaz: trabalhador, honesto e bom estudante. Morrem os bons e os maus.”
À hora em que o corpo de Bernardo descia à terra, os milhares de bombeiros que combatiam as chamas no Norte e Centro do País fizeram um minuto de silêncio. Apesar da descida dos valores da temperatura e de ter chovido em algumas zonas, a Proteção Civil registou ontem mais de 250 ocorrências. Viseu foi o distrito mais fustigado.