DITOS E FEITOS

Uma coisa é o que se diz, outra é o que se faz. De facto, a vida é muito mais do que palavras soltas, envoltas em promessas e de eficácia duvidosa. Todos os dias se ouvem queixas por motivos de mentiras, de compromissos assumidos e não realizados, problemas que chegam à justiça precisamente porque as ações praticadas desrespeitam deveres e direitos prometidos.

Montesquieu, o grande pensador do século XVIII, que lançou os alicerces das sociedades modernas, disse um dia que “o que não for bom para a colmeia, também não é bom para a abelha”. E este pode ser o ponto de partida para melhor avaliarmos o nosso posicionamento no mundo atual. Todos nós temos as nossas preferências e interesses e se nos inspirássemos mais no pensamento de Montesquieu, todo o coletivo sairia beneficiado e as injustiças sociais seriam menos evidentes.

Claro que não se pode entender a vida moderna sem política e sem classe que a represente. Mas, ou os cidadãos comuns estão mais esclarecidos e exigentes, ou os políticos estão a perder qualidades e capacidades.

As eleições são a forma mais genuína e superior para se elegerem os representantes dos povos. Mas para se chegar a esse patamar, há que falar e prometer, quantas vezes sabendo-se que não se vai cumprir. Quem está no exercício do poder vê o mundo de uma maneira. Quem está na oposição tem outra visão e enquadramento. Cada qual diz à sua maneira não importando se as consequências são nefastas ou despropositadas. Chega-se ao ponto de se poder dizer tudo, porque nada se passa.

Depois, se a palavra não corresponde ao facto, entra-se em confronto e em muitos casos prejudicando gente inocente. E quem sai a perder são regra geral os mesmos: os que passam uma vida sob a orientação de incompetentes, que ditam leis, que prometem o céu na terra e que se profissionalizaram nessa tendência.

O povo ainda parece gostar e rever-se na arte da representação. O chefe, o superior hierárquico, as classes empresariais, os sindicatos, os dirigentes da nossa área de residência, da cidade e do País são figuras que fazem parte da nossa vida, que afinal ajudamos a promover e que depois se viram contra os princípios básicos.

Hoje ouvimos muitos políticos e outros dirigentes dizerem que fazem e que fizeram. Mas o quê? A sua vida é mais o dito que o feito. O povo prefere responsáveis que não digam, mas que saibam o que dizem e que tenham a noção da responsabilidade do que prometem. Ninguém quer um dirigente que promete trabalhar o dobro dos outros. É preferível ter um dirigente com a capacidade de pôr o dobro dos outros a trabalhar. Como popularmente se diz: de boas intenções está o mundo cheio.

A Direção