DISCÓRDIA SELVAGEM

As Ilhas Selvagens são um subarquipélago da Região da Madeira, embora se localizem mais próximo das Canárias. As Selvagens são constituídas por duas ilhas principais e várias ilhotas e pertencem, administrativamente, à freguesia da Sé, concelho do Funchal. A área total é de 273 hectares e lá apenas residem os guardas do Parque Natural da Madeira.

À partida esta pequena porção de terra, que os portugueses chamam ilhas e os espanhóis rochedos, parece não incomodar ninguém, tanto mais que todos estão de acordo que se trata de um verdadeiro santuário de aves. Mas afinal, a coisa não está pacífica.

Graças às Ilhas Selvagens, Portugal tem a maior Zona Económica Exclusiva. Isto é, a jurisdição portuguesa sobre as 200 milhas náuticas, dá a Portugal um enorme poder sobre o espaço marítimo, no Atlântico norte, juntando estas ilhas à Madeira, Açores e o Continente.

A Espanha pretende que com a classificação de rochedos Portugal apenas exerça direitos sobre 12 milhas marítimas. A discórdia está lançada e será na ONU que se irá discutir a argumentação dos dois países.

Uma coisa é certa, as Selvagens foram batizadas por Diogo Gomes de Sintra e são portuguesas desde 1438. Quem as quiser visitar terá de pedir autorização ao Parque Natural da Madeira. Há luz elétrica e água com reservas para três anos. Há pouco tempo, o Presidente de Portugal pernoitou numa das ilhas.

A Espanha protesta desde 1911, sem, contudo, obter qualquer resultado prático a seu favor. Recentemente, alguma imprensa espanhola já apelidou as Selvagens como “el otro Gibraltar”. E com efeito, parece que a Espanha está a passar por uma fase de reclamação territorial. Mas, como no melhor pano cai a nódoa, nem se torna necessário falar da questão de Ceuta, cuja localização é indiscutivelmente em território africano. Na semana passada, milhão e meio de catalães vieram para a rua clamar pela independência. Formaram um cordão humano de 400 quilómetros e atravessaram 86 municípios.

A tensão é suave, mas existe. Londres, Lisboa e Madrid estão em permanente alerta. Resta saber quando Rabat vai entrar em ação a reivindicar os territórios de Ceuta e Mellilla, que nunca foram conquistados pelos espanhóis, sendo sim uma herança portuguesa da era da ocupação filipina.

A Direção