
Jerusalém, 15 jun 2025 (Lusa) — O mandato do diretor do Shin Bet, serviços de informações internas de Israel, chegou hoje ao fim, após a polémica causada pela demissão de Ronen Bar pelo primeiro-ministro israelita.
No final de abril, Bar garantiu que ia renunciar ao cargo a 15 de junho, depois de Netanyahu o ter demitido alegando a crescente desconfiança entre os dois.
O caso causou grande comoção, uma vez que o Shin Bet estava a investigar assessores de Netanyahu, pelo que o Supremo Tribunal israelita acabou por decidir que a demissão era ilegal, uma vez que havia um “conflito de interesses”.
O primeiro-ministro israelita ainda não se pronunciou sobre a saída de Bar do cargo.
“Ronen Bar terminou hoje o papel como chefe do Shin Bet e continuará sempre a ser um lutador pela segurança de Israel”, escreveu na rede social X o líder da formação Unidade Nacional, Benny Gantz, que também fez parte do gabinete de segurança israelita durante a guerra em Gaza e o abandonou posteriormente devido a divergências com Netanyahu.
“Durante a guerra, também descobri o grande líder que ele era. Nada apagará o golpe de outubro, mas nada deve apagar, nem apagará, tudo o que ele fez pela segurança de Israel”, escreveu Gantz, em alusão à responsabilidade de Bar no ataque do Hamas contra o território israelita em 7 de outubro de 2023, que o próprio reconheceu.
Dois dias depois de anunciar a intenção de se demitir do cargo, o governo israelita revogou a decisão de o afastar.
O conflito de interesses que se tornou o cerne da demissão de Bar deve-se ao Shin Bet estar a investigar o ‘Qatargate’, escândalo no qual assessores de Netanyahu teriam recebido pagamentos do Qatar para promover na imprensa israelita uma campanha favorável ao país do Golfo para o Mundial de Futebol de 2022.
A saída de Bar da direção do Shin Bet ocorre num momento em que o país tem várias frentes de combate abertas, com a ofensiva em Gaza em andamento, a operação militar na Cisjordânia ocupada, a ocupação de posições em territórios libanês e sírio e, agora, a guerra com o Irão.
Netanyahu propôs o general David Zini para substituir Bar, embora ainda possa demorar semanas para ser aprovado. O perfil “messiânico” em relação à guerra e a afinidade com Netanyahu foram criticados por membros da oposição.
Para tentar enfrentar parte das críticas, o gabinete de Netanyahu garantiu na sexta-feira que Zini não estará envolvido na investigação do ‘Qatargate’.
O jornal israelita Haaretz, no entanto, lembrou que o chefe do Shin Bet tem autoridade para intervir nas investigações da agência, independentemente do que diga o primeiro-ministro.
A saída de Bar da liderança do Shin Bet soma-se à de outros responsáveis da segurança israelita que, no âmbito das ofensivas atuais, renunciaram ou foram afastados de cargos: o ex-ministro da Defesa Yoav Gallant, o chefe do Estado-Maior tenente-general Herzi Halevi, ou o principal porta-voz militar, o contra-almirante Daniel Hagari.
Também está em curso a destituição da procuradora-geral do Estado, Gali Baharav Miara.
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