DIREITO À HABITAÇÃO OU DIREITO A CASA PRÓPRIA

Os mais jovens não conheceram, mas os mais avisados lembram-se que quando a Constituição Portuguesa foi redigida e aprovada, muitas famílias ainda viviam em situação muito precária, conhecida por barracas. Aliás, era uma prática que também foi levada para outras paragens, nomeadamente na década de 60, quando a emigração para França era em grande escala e clandestina. Os portugueses estavam muito associados ao bidonville.

O direito à habitação passou a ser Lei. Mas, rapidamente, do direito à habitação se passou ao direito à casa própria. Politicamente era correto anunciar ao povo as facilidades que o sistema proporcionava para se comprar casa e ganhar-se o estatuto de proprietário.
Portugal passou a ser um País com uma realidade absurda: o aluguer de uma casa era mais caro do que a prestação que se pagava ao banco pela compra de casa própria. E os novos proprietários assinaram contratos por 25, 30 e mais anos.

Construiu-se por todo o lado e em zonas, por vezes, inimagináveis. Entretanto, e como a vida não pode ser estática, todos vivemos as profundas alterações da actualidade. A economia mudou, tudo está diferente e cada qual procura adaptar-se às novas realidades. Se for caso disso, muda-se de cidade, de País, à procura de oportunidades. A vida é mesmo isto, mas nem sempre é fácil.

Deixar filhos atrás, família e amigos, para procurar melhor situação noutras terras, muitas vezes desconhecidas, nunca foi empecilho para os portugueses. Mas hoje as regras alteraram-se: o que mais dificulta, agora, é a responsabilidade dos contratos assinados, anos atrás, e que lhes deu o estatuto de proprietários.

Há quem se sinta quase em prisão domiciliária e que, por essa razão, passou a ter uma vida bastante limitada. Hoje perdem-se oportunidades pelas promessas políticas antigas. E muitos desses agentes políticos continuam hoje no ativo a defender o irreal, a prometer o impossível e a comprometer o futuro das famílias.

A Direção