

Dezenas de pais realizaram uma manifestação – apontada como silenciosa por parte dos organizadores – para protestar contra o novo currículo de educação sexual do Ontário, revisto pelo governo Liberal da primeira-ministra Kathleen Wynne, a ser implementado no próximo outono.
Empunhando cartazes com várias mensagens de protesto e afirmando em voz alta “Nós dizemos Não”, muitos deles pediram, a certo ponto, a demissão de Wynne, no exterior do Centro de Hospitalidade Verdi, em Mississauga, local onde Wynne estava, na quinta-feira à tarde, a organizar uma recepção aos meios de comunicação étnicos com o objetivo de “celebrar a diversidade do Ontário”.
Numa decisão vista como inesperada, mas corajosa, a primeira-ministra decidiu falar com os manifestantes e explicar-lhes que estes têm a oportunidade de obter mais informações sobre o currículo por parte dos deputados provinciais que os representam no Parlamento.
Wynne disse várias vezes compreender que estes queiram proteger as suas crianças, mas salientou que o seu governo está a fazer mudanças para “o melhor das crianças”. No entanto, os protestos foram subindo de tom e a primeira-ministra acabou por não conseguir passar a sua mensagem.
De acordo com uma nota a circular na Internet (www.campaignlifecoalition.com), o anunciado protesto silencioso dos pais do Ontário, durante o evento apontado como de auto-promoção Liberal, visava expor “o uso altamente seletivo de Kathleen Wynne da palavra ‘diversidade’, que agora inclui o (seu) currículo de educação sexual, e, ao mesmo tempo, exclui as sérias preocupações dos pais sobre a forma como a sexualidade humana será ensinada aos seus filhos”.
Já no interior do edifício, e num breve discurso aos Media presentes, Wynne voltou a falar sobre o incidente, dizendo que espera que as pessoas possam ter a oportunidade de falar com os seus deputados provinciais e obter mais informação online sobre o novo currículo de educação sexual.
“A realidade é que nós estamos atrasados em relação às outras províncias”, defendeu. “O nosso currículo está desatualizado e as outras províncias atualizaram os seus currículos de educação sexual e os resultados estão a ser vistos nas outras províncias.”
O governo Liberal tentou anteriormente a atualização do currículo em 2010 – o último remontava a 1998 -, mas recuou após a reação de líderes religiosos.
Por outro lado, Wynne deu a entender que o protesto tinha uma componente partidária e que estava a ser liderado por um candidato Conservador.
“Esta não é uma questão partidária”, disse. “Quando as pessoas estão a gritar ‘Não mais Liberais’, esse não é o ponto. O ponto é que isto tem a ver com proteger as nossas crianças.”
O novo currículo de educação sexual vai ensinar as crianças sobre a homossexualidade e os casamentos entre pessoas do mesmo sexo, no grau 3, incentivar as discussões sobre a puberdade, incluindo a masturbação, no grau 6, e falar sobre prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, no grau 7, o que poderá incluir informações sobre sexo oral e anal.
Está também previsto que os alunos começem a aprender dicas faciais, logo no grau 1, para lhes dar a capacidade de entender o conceito de consentimento.
Por fim, Wynne enumerou algumas das medidas que estão a ser tomadas pelo seu governo para garantir que as pessoas do Ontário têm as melhores condições de vida e de justiça social na província. E reconheceu o importante papel que os meios de comunicação étnicos desempenham para garantir um futuro próspero e risonho para o Ontário.