DESESPERO LEVA CASAL A PACTO DE MORTE

Casal morava neste prédio de Santo António dos Cavaleiros, Loures
Casal morava neste prédio de Santo António dos Cavaleiros, Loures
Casal morava neste prédio de Santo António dos Cavaleiros, Loures
Casal morava neste prédio de Santo António dos Cavaleiros, Loures

Derrotados pela doença e pelo desespero, Maria Manuela e Ludgero Matias escolheram a morte. É esta, pelo menos, a convicção dos vizinhos. Morreram abraçados. Viviam sozinhos, em Santo António dos Cavaleiros, Loures. Os corpos foram encontrados na cama do casal, virados um para o outro, num último abraço, em adiantado estado de decomposição.
No último mês, os vizinhos apenas lhes ouvia a mesma frase: “Já não faz sentido viver”. Ludgero Matias, de 61 anos, reformado da banca, sofria de um cancro nos intestinos – e recusava tratar-se. Maria Manuela, de 59, era funcionária do Instituto Português de Oncologia – mas estava de baixa, há um par de meses, destruída por uma profunda depressão. O casal habitava no quarto andar de um prédio de 14 pisos, na praceta António Nobre. Tinham filhos de casamentos anteriores: ela, uma filha; ele, um filho emigrante em Inglaterra.
Maria e Ludgero, tudo leva a crer, planearam o suicídio. Faz hoje três semanas, foram deixar o cão, um caniche branco, em casa de vizinhos – com a recomendação de que tratassem bem do animal porque iam passar um tempo fora. Nunca mais foram vistos. Os dias passaram. Alguns vizinhos, estranhando a ausência, bateram à porta e telefonaram. Sem resposta. Anteontem, sentiram o cheiro e chamaram a PSP – que arrombou a porta do apartamento. Maria Manuela e Ludgero Matias jaziam na cama, abraçados. Segundo fonte da PJ, a causa aparente das mortes foi a ingestão de comprimidos. “Nos últimos tempos, ele mal saía à rua.
Estava todo o dia na cama. A Manuela também andava muito em baixo a dizer que queria morrer” – recorda uma vizinha ao CM. Os serviços sociais da Câmara de Loures desconheciam o sofrimento em que o casal vivia.