DECISÃO SOBRE O OLEODUTO TRANS MOUNTAIN PODE DEFINIR O FUTURO DO CANADÁ

Correio da Manhã Canadá

O primeiro-ministro irá encontrar apoio dos partidos da oposição no que diz respeito a assuntos legislativos, mas teme-se que o grande desafio seja mesmo a divisão que existe visivelmente entre o Canadá de Leste e o Canadá do Oeste. Com um governo minoritário, o partido liberal vê-se fragilizado e deverá ter dificuldades em encontrar um meio-termo com o partido conservador, que foi o grande vencedor nas províncias ocidentais do Canadá. Isto pode trazer enormes problemas a Justin Trudeau e exacerbar ainda mais a divisão que se instalou no país. Alberta e Saskatchewan pintam-se de azul e só mesmo British Columbia, que ficou dividida entre o partido conservador e o NDP, pode ser auxílio para Trudeau e o seu governo.

Supõe-se que o NDP irá apoiar o partido liberal no que diz respeito ao plano de abono de família, ao acesso à habitação e ao plano de assistência financeira para a compra de medicamentos (Pharmacare). Porém, o que separa o partido conservador do partido liberal pode também separar os canadianos ao ponto de atingirmos o risco de debatermos, muito em breve, a separação geográfica do país, algo que até há bem pouco tempo era assunto exclusivo do Québec. Trudeau tem anunciado regularmente que as alterações climáticas são uma das prioridades do seu governo.

As províncias que votaram no partido conservador não alinham nesta estratégia, especialmente tendo em conta que a indústria de extração de petróleo é crucial para a economia de algumas destas regiões, particularmente de Alberta. Ora, o assunto das alterações climáticas e as consequências que pode trazer para a indústria petrolífera e, consequentemente, para a subsistência daqueles que dela sobrevivem, promete gerar conflitos graves. O oleoduto Trans Mountain, que vai desde Alberta a British Columbia, será um dos assuntos quentes deste mandato e poderá definir o futuro do Canadá.

Os liberais compraram o oleoduto e terão de decidir como utilizá-lo. O investimento feito assim os obriga. Resta saber se Trudeau terá a coragem de seguir em frente com o projeto ou se irá esperar para deixar com que seja o próximo governo a decidir. Seja qual for a sua decisão, este assunto pode ser muito bem aquele que nos levará a eleições antecipadas daqui a dois anos (nunca antes, porque os deputados precisam de ter no seu currículo um mínimo de 6 anos para receberem a reforma completa… e uma grande parte dos deputados está agora no seu segundo mandato!)