CULTURA DESPORTIVA

O último fim-de-semana marcou o final da Liga de futebol em Portugal, época 2014/15. No Canadá, no Luxemburgo, em Luanda e onde quer que viva um português terminou esta maravilhosa ligação que os portugueses, sabiamente e de forma apaixonada, sabem manter com a sua terra natal. A classificação já estava definida uma semana antes e os festejos aconteceram um pouco por todo o mundo, com alegria e satisfação, com a única exceção de Lisboa onde os desacatos entre apoiantes e polícia marcaram negativamente o momento. Faltam mais dois jogos oficiais: final da Taça da Liga e final da Taça de Portugal. Depois, um jogo da seleção nacional com vista ao apuramento para o Europeu do próximo ano e de seguida vai tudo de férias já a pensar na próxima época. Quem fica, quem sai e quem vai chegar são assuntos que vão preencher as páginas noticiosas dos próximos tempos porque, desportivamente, é esse o tema que alimenta a paixão que todos sentimos pelo futebol.

O equilíbrio foi a nota dominante da época que terminou e cada jornada foi vivida com a emoção própria desta incerteza. As contas deram a vitória ao Benfica e regra geral foi maior o consenso em torno do campeão do que as críticas por favorecimento ou outras razões. Benefícios e prejuízos há e haverá sempre no futebol. O rigor vive mal bem com esta modalidade, por isso tanta discussão e tanta falta de razão. O mesmo lance discutível é visto e repetido e as opiniões podem sempre divergir. Mas a época chegou ao fim e agora há que preparar o futuro, não se sabendo ainda quais serão os agentes desportivos que vão colorir as nossas expetativas.

De futebol todos percebem. Por isso, tanta conversa à volta do mesmo tema. Hoje já não há treinadores burros nem jogadores mal preparados. Todas as equipas têm à sua disposição planos de treino e de aperfeiçoamento como nunca se viu. A condição física do atleta é medida com rigor científico e os técnicos sabem melhor que nunca como tirar o todo proveito das capacidades dos seus jogadores. As táticas estão estudadas e um simples espetador de bancada ou de sofá já se atreve a adivinhar resultados a partir dos comportamentos iniciais de qualquer equipa.

Se todos sabem o mesmo, se a preparação física já não é a chave da diferença, então o que caracteriza um campeão? Precisamente a cultura desportiva que os treinadores sabem e conseguem incutir no seio de um grupo de trabalho. A temporada de uma equipa de futebol não se ressume a uma partida. São meses de competição e em várias frentes. Gerir todas estas emoções durante um largo período de tempo, é o grande segredo do treinador moderno, que não se pode limitar a falar de futebol, de tática e de outras disciplinas que todos conhecem. A diferença está na relação interpessoal e na capacidade de colocar em prática todo o potencial de cada um em prol do coletivo. E neste coletivo incluem-se todos, até o simpatizante menos exigente.

Por isso, há campeões e candidatos a qualquer coisa. Esperemos que a nossa Liga portuguesa não perca força e prestígio no próximo ano para podermos continuar aqui à distância a vibrar como se estivéssemos nos estádios.

A Direção