Covid-19: Produção e vendas de veículos caem no Brasil em fevereiro em plena crise

São Paulo, 05 mar 2021 (Lusa) — A produção e a venda de veículos caíram em fevereiro no Brasil face a janeiro, em plena crise gerada pela falta de peças para as fábricas e as novas medidas de restrição de mobilidade adotadas para combater a pandemia.

O Brasil fabricou 197.035 veículos em fevereiro, entre automóveis, utilitários, camiões e autocarros, o que representa uma queda de 1,3% face à produção de janeiro (199.707 unidades) e uma queda de 3,5% face a fevereiro de 2020 (204.206), informou hoje a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

Esta é a menor produção de veículos no Brasil num mês de fevereiro desde 2016, quando o país sofreu a sua maior recessão em várias décadas, e também a menor num mês desde julho do ano passado, quando as fábricas começaram a retomar as suas operações depois de uma paralisação nos primeiros meses da pandemia de covid-19.

De acordo com a associação patronal do setor, em fevereiro foram comercializados no Brasil 167.391 veículos novos, dado que indica uma queda de 2,2% face a janeiro (171.146 unidades) e de 16,7% face ao mesmo mês de 2020 (200.997).

Em fevereiro do ano passado, o Brasil ainda não havia enfrentado a pandemia de covid-19, o primeiro caso foi registado no país em 26 de fevereiro, o que obrigou as fábricas a fecharem as portas nas semanas em que vigoraram as medidas restritivas mais severas.

As vendas de carros caíram no ano passado devido ao aumento do desemprego, queda do rendimento dos trabalhadores e incerteza gerada pela própria pandemia.

Embora o Brasil tenha começado a recuperar no segundo semestre de 2020 da paralisação das atividades causadas pela pandemia nos primeiros meses da crise de saúde, as vendas ainda não voltaram aos níveis pré-pandémicos e a produção foi afetada nos últimos meses pela falta de componentes e peças para as fábricas.

“A pandemia gerou uma crise de oferta de produtos porque nem todos voltaram na mesma velocidade”, admitiu o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, na entrevista coletiva que divulgou os resultados do setor em fevereiro.

Algumas fábricas tiveram de paralisar as suas fábricas ou reduzir a sua produção por falta de peças, principalmente ‘chips’, semicondutores, pneus, aço, plásticos e borrachas.

Moraes afirmou que a Anfavea prevê que o problema da falta de plásticos e borrachas será resolvido nas próximas semanas com a normalização do abastecimento.

O presidente do sindicato patronal admitiu, no entanto, que a escassez de ‘chips’ e semicondutores é global, mais difícil de resolver e que vem afetando a indústria em geral em todo o mundo.

O executivo lembrou ainda que a armazenagem atual nas fábricas cobre apenas 18 dias de vendas e admitiu temer que medidas sanitárias restritivas anunciadas nos últimos dias por diversos governos regionais e municipais do Brasil voltem a atingir o setor.

A Anfavea informou que o Brasil exportou 33,1 mil veículos em fevereiro, com crescimento de 32% em relação a janeiro (25 mil unidades) e queda de 12,2% em relação ao mesmo mês do ano passado (37,7 mil).

Até quinta-feira, o Brasil acumulava cerca de 261 mil mortes e 10,8 milhões de infeções causadas pela covid-19, o que o torna o segundo país com mais vítimas da doença no mundo e o terceiro em número de casos.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.570.291 mortos no mundo, resultantes de mais de 115,5 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

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