Covid-19: PR de Cabo Verde pede confiança da população no processo de vacinação

Praia, 15 mar 2021 (Lusa) – O Presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, pediu hoje a confiança da população no processo de vacinação contra a covid-19, que deverá arrancar na sexta-feira, recordando que a Organização Mundial de Saúde (OMS) o considera seguro e eficiente.

“A postura de princípio é confiar e esperar que a vacinação decorra bem”, afirmou Jorge Carlos Fonseca em declarações durante a visita ao Hospital Baptista de Sousa, onde se inteirou da evolução da pandemia na ilha de São Vicente, norte do arquipélago.

Cabo Verde recebeu 24.000 doses da vacina contra a covid-19 da AstraZeneca em 12 de março e 5.850 da Pfizer dois dias depois, prevendo o Governo lançar a vacinação nacional em 19 de março e assumindo a meta de vacinar 70% da população até final do ano.

Estas doses inserem-se num total de 108 mil a fornecer pela AstraZeneca ao abrigo da Covax, iniciativa fundada pela OMS que visa garantir uma vacinação equitativa contra o novo coronavírus.

Contudo, nos últimos dias têm surgido suspeitas de alegados efeitos secundários da vacina da AstraZeneca, que levaram vários países a suspender o seu uso.

“Como eu não sou especialista de saúde, apesar de ser Presidente da República, eu acho que todos os cidadãos devem ter uma postura de princípio. A postura de princípio é ter confiança nas autoridades sanitárias, isso é fundamental”, reagiu o chefe de Estado.

Para Jorge Carlos Fonseca, a “atitude de princípio” passa por reconhecer a idoneidade da OMS neste processo.

“Se a OMS diz que as vacinas são importantes, se o Ministério da Saúde diz que é importante, se por todo o lado se diz que as vacinas são importantes, confiamos nas autoridades, nas instruções, nas diretivas”, afirmou.

“Ninguém de bom senso pode imaginar que uma organização como a OMS, a maior autoridade de saúde a nível mundial, diz que a vacina é eficiente, boa, é segura, e eu, que sou um leigo, questiono por dúvidas de uma outra informação”, apontou, a propósito dos crescentes comentários da sociedade cabo-verdiana, sobretudo nas redes sociais, questionando o uso da vacina da AstraZeneca por Cabo Verde.

Para Jorge Carlos Fonseca, o início da vacinação em Cabo Verde “é uma boa nova”, para todos “sem exceção”.

“Porque devemos ser objetivos e ter a noção de que não podemos vencer a pandemia, vencer os seus impactos, do ponto de vista da saúde das pessoas, das famílias, mas também do ponto de vista da retoma da nossa economia, do turismo, dos serviços, do comércio, das atividades desportivas e culturais, sem que o plano de vacinação decorra com eficiência, com rigor, com boa organização. Isso é que nós todos esperamos”, afirmou o Presidente da República.

Angola tornou-se no primeiro país de língua portuguesa em África a receber vacinas contra a covid-19 (624.000 doses) ao abrigo da Covax, que pretende entregar 90 milhões de doses de vacinas no continente africano até final deste mês.

Até ao final de maio, o planeamento prevê a entrega de 237 milhões de doses de vacinas da AstraZeneca e de 1,2 milhões de doses da vacina Pfizer ao abrigo da iniciativa Covax.

Fundada pela OMS, em parceria com a Vaccine Alliance (Gavi, presidida pelo antigo primeiro-ministro português José Manuel Durão Barroso e a Coalition for Epidemic Preparedness Innovations (Cepi), a Covax pretende garantir a vacinação a 20% da população de 200 países e tem acordos com fabricantes para o fornecimento de dois mil milhões de doses em 2021 e a possibilidade de comprar ainda mais mil milhões.

O plano nacional de introdução e vacinação contra a covid-19 em Cabo Verde, prioriza, além de profissionais de saúde, pessoas com doenças crónicas, idosos, professores, profissionais hoteleiros, ligados ao turismo e das fronteiras, polícias, militares e bombeiros.

Para o efeito, segundo o plano, “será necessária a aquisição de 267.293 doses” da vacina para a população alvo prioritária, num total de 111.372 pessoas.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.654.089 mortos no mundo, resultantes de mais de 119,7 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

PVJ // LFS

Lusa/Fim