
Maputo, 29 jul 2020 (Lusa) – O representante do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Moçambique disse hoje que a aposta das autoridades moçambicanas deve recair na proteção das camadas mais vulneráveis em detrimento da consolidação fiscal, face ao impacto da covid-19.
“Num contexto destes [de covid-19], a consolidação fiscal não é a preocupação”, que “deve ser a proteção dos mais vulneráveis”, declarou Ari Aisen, falando numa conferência na Internet intitulada as “Perspetivas Económicas Regionais para a África subsaariana – Moçambique: Uma ameaça sem precedentes para o Desenvolvimento”.
Aisen referiu que as autoridades moçambicanas devem potenciar os mecanismos de proteção social existentes no país, visando assegurar o aumento de ajuda financeira às famílias mais atingidas pela pandemia.
“O peso da informalidade da economia moçambicana e o impacto negativo da covid-19 faz-nos acreditar que mais famílias ficaram numa situação de maior vulnerabilidade”, afirmou.
As autoridades moçambicanas, prosseguiu, devem encontrar esquemas mais eficientes de fazer chegar o subsídio de pobreza e outras formas de apoio social às pessoas que mais precisam.
O representante do FMI observou que o investimento público na proteção social em Moçambique é proporcionalmente superior ao nível de cobertura, o que dá margem para o aumento do apoio aos mais carenciadas.
“A análise dos investimentos direcionados à proteção social mostra que há uma subida que não tem sido acompanhada pelo aumento da cobertura”, frisou Ari Aisen.
Na atual conjuntura marcada pela pandemia de covid-19, continuou o responsável, o acesso aos apoios sociais deve ser desburocratizado para alargar os benefícios a mais pessoas.
“A maior parte dos mais carenciados não têm conta bancária e não têm documentos de identificação, mas têm telemóvel e têm conta móvel, estes meios podem ser explorados para fazer chegar mais ajuda”, destacou.
Em Moçambique não existe subsídio de desemprego, mas há subsídio de pobreza, geralmente pago a pessoas idosas nas zonas rurais.
Moçambique registou, nas últimas 24 horas, mais 28 casos positivos de covid-19, elevando o total para 1.748, mantendo-se com 11 mortos, anunciou hoje o Ministério da Saúde.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 660 mil mortos e infetou mais de 16,7 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.???????
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