Coreógrafa Olga Roriz leva “O Salvado” a Sintra e prolonga digressão para 2026

Lisboa, 26 nov 2025 (Lusa) — A coreógrafa e bailarina Olga Roriz vai apresentar sábado, no Centro Cultural Olga Cadaval, em Sintra, o seu mais recente solo, “O Salvado”, estreado no verão, no âmbito dos 50 anos de carreira, segundo a produção.

Doze anos passados desde “A Sagração da Primavera”, Olga Roriz regressa ao solo, aquele que considera o território mais exigente e pessoal da sua carreira, com um “autorretrato completo”, como assinalou em entrevista à agência Lusa antes da estreia, em julho, no Porto.

Após a estreia, “O Salvado” partiu em digressão por Lisboa, Setúbal, Faro, Aveiro, Ponte de Lima, Famalicão, Lagos, encerra o ano em Sintra, retomando em 2026 com apresentações em Loulé, Almada, Guimarães, Figueira da Foz, Leiria, Tavira, Caldas da Rainha e Santa Maria da Feira.

Segundo Olga Roriz, a peça leva aos palcos a força da palavra e do corpo, além de tudo o que a coreógrafa “salvou”, depois de “limpar” parte do que deixou para trás, nas sete décadas de vida, três delas em trabalho permanente na companhia em nome próprio.

“Os solos têm acontecido assim, quase de dez em dez anos. É como se tivesse sempre latente dentro de mim essa possibilidade, e eu sinto quando é o momento certo”, descreveu, na altura, a coreógrafa sobre a mais recente coreografia.

Na peça, classificada pela artista como a mais íntima criada até agora, Olga Roriz abriu-se a novos desafios, entre eles aproximar a comunicação com o público, memorizar textos, mostrar o seu corpo e aprender a tocar guitarra elétrica.

“É algo que eu construí que as pessoas nunca viram”, resumiu a artista, apontando que “o público não vai estar à espera de tanta proximidade num solo”, devido à grande presença de textos da sua autoria, e acredita que será “muito interessante” essa surpresa, disse à Lusa em junho a coreógrafa nascida em Viana Castelo.

Doze anos depois do solo que criou para “A Sagração da Primavera”, Olga Roriz continua a sentir a necessidade de se renovar, ignorar tabus, recriar algo novo, experimentar a forma como o corpo se apresenta em palco, explorar as várias linguagens artísticas.

Na música, desta vez totalmente da sua escolha, concretiza o sonho de tocar guitarra elétrica: “Nos 20 minutos da entrada de público [na sala] eu estou a tocar uma composição do Vitor Rua que ele chamou ‘Salvado Suite’. Eu nunca tinha pegado numa guitarra. Foi uma trabalheira aprender a tocar”.

A coreógrafa fez seis residências artísticas em 2024, nomeadamente em Aveiro, Lagos, São Miguel, Ourém, Lisboa e Londres, onde concebeu o seu trabalho não só coreográfico, mas também a seleção musical e os textos.

Se na coreografia “Electra” (2010), Olga Roriz chegou a dançar de tronco nu, em “O Salvado” decidiu ir mais longe na exposição física e despe-se totalmente, num momento “fugaz”.

“Esta decisão parece um disparate. Quando o corpo estava naquele ponto em que me sentiria bem mostrar, não o fiz. Mas agora achei que seria o momento de poder brincar com esta questão”, disse, sobre o momento em que se despe, sai do palco, e volta com um casaco, dirigindo-se ao público para gracejar com a situação e consigo própria.

Em 1976, a coreógrafa – que na área do cinema realizou quatro filmes – entrou para o elenco do Ballet Gulbenkian sob a direção de Jorge Salavisa, onde veio a ser primeira bailarina e coreógrafa principal até 1992, assumindo nesse ano a direção artística da Companhia de Dança de Lisboa.

Em 1995 criou a Companhia Olga Roriz, que dirige, em Lisboa.

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