Consumo e hábitos: Especialistas explicam como travar o impulso das compras

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Durante décadas, fazer compras era sobretudo uma obrigação prática: alimentar a família ou comprar roupa essencial. Hoje, para muitos, transformou-se num passatempo que afeta a carteira, a organização da casa e até o planeta.

De acordo com especialistas, o problema não está em comprar o que é necessário, mas em usar o consumo como resposta a emoções como ansiedade, solidão ou frustração. É aí que as compras deixam de ser funcionais para se tornarem compulsivas, mesmo em pessoas que não chegam a desenvolver uma dependência clínica.

Estudos apontam que os estímulos são constantes. As redes sociais mostram estilos de vida aparentemente perfeitos e alimentam a comparação com uma minoria privilegiada. Ao mesmo tempo, plataformas digitais facilitam a compra com um simples clique, enquanto as marcas recorrem a técnicas de “psicologia financeira” para incentivar o consumo: promoções limitadas, contagens decrescentes, produtos “essenciais” ou “preferidos de celebridades”.

O impacto sente-se em várias frentes: níveis crescentes de endividamento, espaços sobrecarregados de objetos e a produção de resíduos que coloca países como o Canadá entre os maiores produtores de lixo per capita do mundo.

Mas como resistir? Os especialistas recomendam duas estratégias principais: criar um intervalo entre o impulso e a compra. Fazer listas, planear e evitar usar o carrinho online como bloco de notas. E, investir no verdadeiro autocuidado. Dormir melhor, comer de forma saudável, praticar gratidão ou simplesmente reservar tempo para descansar podem reduzir a tentação de compensar carências emocionais com objetos.

Outro conselho é aplicar a regra HALT – Hungry, Angry, Lonely or Tired: evitar comprar quando se está com fome, zangado, sozinho ou cansado. Nessas situações, uma pausa com respiração profunda pode ser mais eficaz do que recorrer ao telemóvel.

Segundo os especialistas, menos consumo pode significar mais qualidade de vida. Substituir produtos por relações humanas e experiências pode trazer leveza, clareza e até mais felicidade.