
Lisboa, 08 nov 2025 (Lusa) – O presidente executivo (CEO) do consórcio Center for Responsible AI afirma, entrevista à Lusa, que estão a ser desenvolvidos 19 produtos, apoiados pelo PRR, com uma taxa de execução de 80% a cerca de oito meses do prazo.
“Estamos a falar de cerca de 19 produtos, existe um produto novo que nós propusemos desenvolver agora até ao final deste ciclo, mas, essencialmente, são 19” que se distribuem em três áreas: saúde, turismo e retalho, detalha Paulo Dimas.
Aliás, em 25 de novembro haverá uma grande montra de inovação dos produtos, no Fórum Responsible AI, em Lisboa, onde o neurocientista António Damásio, que nessa semana apresenta o novo livro Inteligência Natural, estará numa conversa com Fernando Pereira, vice-presidente da Google DeepMind, sobre a inteligência natural versus a inteligência artificial.
Na saúde “estamos a criar massa crítica”, prossegue, apontando como exemplo um produto que permite “humanizar as consultas” desenvolvido pela Priberam.
Trata-se de “um produto que assiste os médicos quando estão a ter a consulta com um paciente e que permite que o médico volte a olhar nos olhos do paciente em vez de estar a olhar para o teclado e para o ecrã”, diz.
Outro é o Halo, que “permite restaurar a voz de quem a perdeu, pessoas que sofrem de doenças neurodegenerativas trágicas, como a Esclerose Lateral Amiotrófica [ELA]”.
Aliás, “temos tido casos absolutamente incríveis de utilizadores que tinham a eutanásia marcada e que a adiaram porque voltaram a ter a sua identidade, voltaram a ter a sua voz. E, portanto, temos aqui casos de impacto na vida das pessoas, que é aquilo que nos move”, salienta o CEO.
No turismo, há a parceria com o grupo Pestana: “Temos um produto que já está em mais de 30 hotéis” da cadeia “e que permite reduzir em cerca de 20% o tempo de ‘check-in’ nesses hotéis”, da Youverse.
No retalho, “temos um conjunto de produtos” que “têm impacto na área do ‘customer service’ [serviço ao cliente], de automatizar processos de apoio ao cliente”.
“Temos, por exemplo, um produto da Visor.ai que automatiza completamente o agendamento para a vacinação em farmácias”, em que 99% das chamadas feitas para esta rede são respondidas por IA.
Ou o da Automaise, “que permite, e já foi um caso concreto, com a Sonae, com o Continente, automatizar muito das interações relacionadas com o regresso à escola”, acrescenta.
Em suma, “temos um conjunto de produtos bastante diversificado, com o ênfase na saúde”, que inclui turismo e retalho.
“Temos […] cerca de cinco produtos com mais de 95% de execução técnica”, avança Paulo Dimas.
Em média, “o consórcio já executou tecnicamente 80% daquilo que se propôs”, é um indicador que “nos deixa muito orgulhosos, ainda estamos com mais cerca de oito meses para o final”, sublinha o CEO, manifestando-se “absolutamente” convicto que os produtos estarão concluídos no prazo.
À data de hoje, estima um investimento executado superior a 60 milhões de euros.
“Estamos com este nível de execução técnica e também financeiro bastante elevados”, o que ainda falta é a “parte mais do go-to-market [ir para o mercado]” de alguns modelos de negócio, diz.
Paulo Dimas deu ainda o exemplo de um produto da NeuralShift, que permite reduzir em cerca de oito horas por semana o tempo que um advogado gasta na pesquisa jurídica.
Sobre as expectativas, André Eiras, cofundador da Sword Health, que lidera o consórcio da IA financiado pelo PRR, sublinha que o consórcio já vinha do passado com uma agenda exemplo.
“A nossa expectativa é continuar essa excelência” e “queremos é que os produtos cheguem ao fim”, releva.
“Vamos ser aqui muito sinceros e honestos, […] temos que gerar novo produtos” e “um dos nossos objetivos é gerar até 2027 39 milhões”, diz.
Neste momento, “estamos com uma perspetiva de gerar mais de 50 milhões”, com o objetivo de “um ‘go-to-market’ que seja efetivamente o caso de sucesso de Portugal para o mundo”.
Isto “é que diferencia aquilo que é o investimento de Portugal” em termos de PRR, refere, secundado por Paulo Dimas.
“É o grande desafio que lançamos sempre às startups” mais pequenas: ir para o resto do mundo e aproveitar as parcerias que “temos com estes líderes de indústria”, reforça o CEO.
Bial, Sonae, Pestana, hospitais como o São João e o da Luz são “berços de inovação” que permitem que estes produtos sejam validados, sendo que o grande desafio é ir para fora de Portugal, diz Dimas.
Por isso, “irrita-me profundamente quando uma startup me vem dizer que já está em Espanha e que está a olhar para o mercado do Brasil”, porque estas devem “ser globais têm de ir para os EUA”, para ter escala, acrescenta.
A líder do consórcio Sword e a parceira FeedZai são “dois exemplos incríveis” do que “é possível fazer com talento em Portugal”, reforça Dimas, recordando que o consórcio é “o maior investimento” em IA responsável à escala europeia, num total de 77 milhões de euros, juntando 22 parceiros.
“Na Europa não vamos conseguir encontrar nenhum consórcio com esta escala de investimento” que “designamos como virtuoso”, o qual vai permitir aumentar as exportações, atrair e reter talento, acrescenta o CEO.
*** Por Alexandra Luís (texto), Jorge Coutinho (vídeo) e António Cotrim (foto), da agência Lusa ***
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