
Los Angeles, 27 out 2025 (Lusa) — O comentador político britânico Sami Hamdi foi preso hoje pelo Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA (ICE), depois de ter sido detido no Aeroporto Internacional de São Francisco, segundo as autoridades federais.
Um alto responsável dos EUA afirmou que a detenção está relacionada com comentários feitos por Sami Hamdi sobre o Médio Oriente.
Hamdi, que é muçulmano, estava numa tournée de palestras nos EUA e no sábado tinha participado na gala anual da secção de Sacramento, Califórnia, do Conselho de Relações Americanas-Islâmicas, ou o CAIR.
“Hoje de manhã, agentes do ICE detiveram o jornalista e comentador político britânico muçulmano Sami Hamdi no Aeroporto de São Francisco, aparentemente em resposta à sua crítica vocal ao governo israelita durante a sua tournée de palestras em curso”, disse o grupo CAIR numa publicação nas redes sociais.
A detenção surge num contexto mais recente de esforço da administração Trump para identificar e potencialmente expulsar milhares de estrangeiros dos Estados Unidos que, alegadamente fomentaram ou participaram em agitação ou apoiou público a protestos contra as operações militares de Israel na Faixa de Gaza.
A administração norte-americana também negou vistos a requerentes, cujos históricos nas redes sociais foram críticos em relação às suas políticas.
Essas ações têm sido criticadas por grupos de direitos civis que consideram tratar-se de violações das proteções constitucionais à liberdade de expressão, que se aplicam a qualquer pessoa nos Estados Unidos e não apenas aos cidadãos americanos.
Não está até agora clarificado quais os comentários específicos de Hamdi que desencadearam a detenção, escreve a agência de notícias Assoiated Press.
O CAIR, a maior organização de defesa dos muçulmanos do país, pediu a libertação imediata de Hamdi. O grupo afirmou que Hamdi, de 35 anos, não foi deportado e permanece sob custódia nos EUA, após ter sido alertado sobre os seus comentários passados e atuais relacionados com o Médio Oriente, foi tomada na sexta-feira a decisão de rejeitar o visto de Hamdi, de acordo com um responsável dos EUA.
O responsável também disse que Hamdi estava a viajar nos Estados Unidos com um visto de visitante e não ao abrigo do Programa de Isenção de Vistos, para o qual poderia ter sido elegível como cidadão britânico.
O responsável norte-americano, que falou sob condição de anonimato para discutir deliberações internas, não pôde explicar porque tinham demorado vários dias a localizar e a deter Hamdi.
O comentador político, que frequentemente se posiciona contra Israel e a guerra na Faixa de Gaza, é descrito no seu perfil do LinkedIn como diretor-geral da The International Interest, um grupo de consultoria em risco e inteligência.
A empresa também não respondeu até agora a um pedido de comentário.
A porta-voz do Departamento de Segurança Interna, Tricia McLaughlin, indicou no domingo nas redes sociais que o “visto de Hamdi foi rejeitado e ele está sob custódia do ICE à espera de expulsão.”
O ICE afirmou num comunicado que Hamdi entrou nos EUA a 19 de outubro com um visto de visitante. “O Departamento de Estado, através do Gabinete de Assuntos Consulares, revogou o visto de Hamdi a 24 de outubro de 2025, com efeito imediato”.
Assim, o ICE deteve Hamdi por ele estar ilegalmente no país.”E ele será colocado em processos de imigração”, acrescentou o ICE.
Estava previsto que Hamdi iria falar num outro evento antes de ser detido.
Em resposta a perguntas hoje sobre o seu caso, o Departamento de Segurança Interna enviou um link para uma publicação do Departamento de Estado na rede social X no domingo, agradecendo ao Departamento de Segurança Interna pelos seus esforços para remover Hamdi.
A declaração do Departamento de Estado não dizia especificamente o que Hamdi tinha dito ou feito, que levou à sua rejeição, mas afirmava: “Os Estados Unidos não têm a obrigação de acolher estrangeiros” que a administração considera “apoiarem o terrorismo e minar ativamente a segurança dos americanos. Continuamos a revogar os vistos de pessoas envolvidas em tais atividades.”
O Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico afirmou estar “em contacto com a família do britânico detido nos EUA e em contacto com as autoridades locais.”
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