Começa a penitência Papal no Canadá

Correio da Manhã Canadá

O Papa chega ao Canadá devido à pressão persistente dos sobreviventes das escolas residenciais, muitos dos quais esperam há décadas para ouvir o sumo pontífice pronunciar a palavra “lamento” na terra indígena. A visita papal a três cidades, Edmonton, Quebec e Iqaluit, durante seis dias e para muitos, curta, não depois do que aconteceu, não depois de tudo o que as comunidades carregam.

O “lamento” da maior autoridade da Igreja católica, depois de tudo, é de facto um grande avanço, mas esse passo importante de reconciliação, acredita-se que poderia ser maior.

Os Museus do Vaticano albergam algumas das obras de arte mais magníficas do mundo, desde a Capela Sistina de Miguel Ângelo às antigas antiguidades egípcias e um pavilhão cheio de carruagens papais. Mas uma das coleções menos visitadas do museu tornou-se a mais contestada antes da viagem de Francisco ao Canadá.

O ‘Museu Etnológico Anima Mundi’ do Vaticano alberga dezenas de milhares de artefactos e arte feitos por povos indígenas de todo o mundo, grande parte deles enviados para Roma por missionários católicos para uma exposição de 1925 nos jardins do Vaticano.

Alguns dos preciosos “artefatos” do Vaticano são objetos sagrados da Turtle Island. Ali, sob vidro e longe da vista estão pedaços do coração e do espírito da nação canadiana. Muitos foram utilizados em cerimónias e foram feitos à mão pelas comunidades num passado longínquo.

Cada um tem um significado insubstituível para as Primeiras Nações, Métis e Inuit. Um povo historicamente atacado por políticas racistas. Entretanto, destaque para as crianças efetivamente aprisionadas nas chamadas escolas residenciais, o que levou à morte de inúmeras delas. Apesar de gerir a grande maioria, a Igreja Católica Romana não é a única culpada, mas outras instituições religiosas, e organismos seculares, reconheceram os seus crimes nos anos 80 do século passado.

Por isso, talvez seria um ato monumental de contrição para a delegação papal trazer os objetos que provinham daquelas comunidades.

A restituição de artefactos indígenas e da era colonial gera um debate premente para museus e coleções nacionais em toda a Europa. Este representa um dos muitos pontos da agenda que aguardam Francisco na sua viagem ao Canadá que termina na próxima sexta-feira.

A maioria das comunidades indígenas ainda está numa viagem de recuperação e, como tal, a repatriação, trazer de volta o que foi perdido, seria um importante passo