Centro Audiovisual Max Stahl com exposição para assinalar massacre de Santa Cruz

Díli, 28 out 2025 (Lusa) — O Centro Audiovisual Max Stahl Timor-Leste, em Díli, abriu hoje uma exposição para assinalar o 34.º aniversário do massacre de Santa Cruz e prestar homenagem aos jovens que sacrificaram a vida pela luta de libertação nacional.

“A exposição vai estar aberta durante duas semanas, de 28 de outubro a 12 de novembro, com o objetivo de homenagear todos aqueles que desapareceram, morreram, ficaram feridos e foram vítimas”, afirmou o diretor executivo do Centro Audiovisual Max Stahl Timor-Leste (CAMSTL), Eudicitio Pinto, na abertura da exposição.

Dedicada ao tema “Da Tragédia à Esperança: 34 anos da jornada da nação — Santa Cruz 1991, Ferida Antiga, Novo Espírito”, a exposição, segundo Eudicitio Pinto, pretende fortalecer o sentido de “nacionalismo e patriotismo” dos timorenses e “promover a democracia”.

“A história é essencial porque nos ensina através das experiências do passado, orienta as nossas decisões no presente e ajuda-nos a evitar repetir erros. É parte da nossa identidade, cultura e valores, permitindo-nos compreender como evoluem as sociedades”, disse Eudicitio Pinto.

A 12 de novembro de 1991, mais de duas mil pessoas reuniram-se numa marcha até ao cemitério de Santa Cruz, em Díli, para prestarem homenagem ao jovem Sebastião Gomes, morto em outubro desse ano pelos elementos ligados às forças indonésias.

No cemitério, militares indonésios abriram fogo sobre a multidão, provocando mais de sete dezenas de mortos.

Segundo números do comité 12 de novembro, 2.261 pessoas participaram na manifestação, 74 foram identificadas como tendo morrido no local e mais de 120 morreram nos dias seguintes no hospital militar ou em resultado da perseguição das forças ocupantes.

“Os visitantes poderão ver, ouvir e conhecer melhor a memória do Massacre de Santa Cruz, através dos testemunhos dos heróis sobreviventes que ainda vivem entre nós e das suas recordações sobre o acontecimento”, acrescentou o responsável.

Eudicitio Pinto recordou que Timor-Leste viveu muitos massacres durante a luta, mas o de 12 de novembro de 1991 foi especialmente marcante por ter ficado gravado em imagens.

Nas filmagens, é possível ver numerosos jovens — rapazes e raparigas — mortos e feridos no Cemitério de Santa Cruz, alguns menores de idade.

“É uma história dolorosa do povo timorense, mas que se transformou em esperança”, afirmou o diretor executivo.

Timor-Leste foi invadido pela Indonésia a 07 de dezembro de 1975.

Quase 250 mil pessoas morreram em consequência de bombardeamentos, fome, doenças, tortura e execuções.

O Massacre de Santa Cruz, ocorrido em 12 de novembro de 1991, pôs fim ao isolamento imposto pelas forças militares indonésias.

Após a restauração da independência de Timor-Leste, a 20 de maio de 2002, o dia 12 de novembro foi declarado com o Dia Nacional da Juventude Timorense e é feriado nacional.

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