O processo vai a julgamento por decisão do Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa e ficou conhecido como o “Caso das Secretas” que tem como principal arguido Jorge Silva Carvalho, antigo diretor do Serviço de Informações Estratégicas de Defesa, por ter tido origem em suspeitas de acesso ilegal à faturação detalhada do telefone do jornalista Nuno Simas.
Além de Jorge Silva Carvalho, o Ministério Público tinha deduzido acusação contra o presidente da Ongoing, Nuno Vasconcellos e um funcionário do SIED, João Luís, por violação do segredo de Estado, corrupção e abuso de poder e esta sexta-feira a juíza de instrução criminal, além de pronunciar os três arguidos pelos mesmos crimes pelos quais estavam acusados, decidiu também levar a julgamento um agente do Serviço de Informações de Segurança (SIS), Nuno Dias, e a sua companheira, ex-funcionária da Optimus, Filomena Teixeira por acesso ilegal de dados, acesso ilegal agravado e violação do segredo profissional – como tinha defendido Nuno Simas no requerimento de abertura de instrução – seguindo o processo para julgamento com cinco arguidos.
Segundo o despacho de acusação, Nuno Vasconcellos decidiu contratar Jorge Silva Carvalho para os quadros da Ongoing, para que este último obtivesse informação relevante para o grupo através das Secretas e o ministério público sustenta que Jorge Silva Carvalho ordenou ao arguido João Luís que obtivesse os dados de tráfego do número de telefone utilizado pelo jornalista Nuno Simas, no período entre julho e agosto de 2010.
Nuno Dias, agente do SIS, e Filomena Teixeira, sua companheira e ex-funcionária da Optimus, foram inquiridos durante a fase de instrução apenas como testemunhas, mas acabaram agora por ser pronunciados. O casal é suspeito de ser o responsável pela transmissão dos registos telefónicos de Nuno Simas.
Raquel Coimbra, advogada do sindicato de jornalistas, que representa Nuno Simas, congratulou-se com o facto destes dois arguidos responderem em julgamento, frisando que faz todo o sentido, pois foram eles que passaram a informação sobre os dados do telemóvel do jornalista.
O advogado de Jorge Silva Carvalho salientou que o seu constituinte sempre quis ir a julgamento, já Francisco Proença de Carvalho, advogado do presidente da Ongoing, mostrou-se insatisfeito com a decisão instrutória agora proferida, no entanto questionado sobre a estratégia que será adotada ao longo do julgamento, adiantou que o seu constituinte sempre falou durante a instrução, antevendo que o mesmo possa vir a acontecer na fase de julgamento, no qual o advogado vai alegar a inocência do presidente da Ongoing.