

Habitantes de dez aldeias da serra do Caramulo foram, na madrugada de ontem, obrigados pela GNR a sair de suas casas devido às várias frentes de fogo que ganharam força com o vento e invadiram as localidades. “Às quatro da manhã, os guardas bateram-me à porta e disseram para sair que o fogo ia chegar rápido”, contou Maria Rodrigues, morador a na aldeia de Braçal.
Nesta aldeia viveram-se momentos muito complicados, pois houve pessoas que se esconderam da GNR para permanecer na localidade “a combater o inimigo”. “Ficou cá um homem esquecido e foi o que nos valeu. Salvou duas casas e depois acabou por ser ajudado por populares que regressaram por outra zona”, explicou Ricardo Oliveira, de 24 anos. Depois do fogo passar, os populares voltaram à aldeia sentindo um misto de alívio e de preocupação.
“Será que as casas arderam?, questionavam-se. Casas habitadas não arderam, mas as chamas destruíram culturas, barracões e mataram animais. “Arderam-me currais com animais – vacas e ovelhas – e os campos estão destruídos, mas tenho forças para começar tudo de novo”, disse ao CM Avelar Oliveira, de 52 anos, residente em Braçal. Ali, tal como nas aldeias de Almofala, Teixo, Dornas, Daires, Mosteirinho, Fráguas, entre outras aldeias serranas, o fogo ‘lambeu’ as habitações e seguiu o seu caminho por uma floresta densa e pejada de mato. “Eu nunca vi um fogo com tanta violência. Arderam-me os pinhais e as terras de cultivo”, disse António Costa, ainda a recuperar do susto. “Ficámos com tudo pintado de negro. Vai ser doloroso continuar a viver aqui”, desabafou Maria Sousa, 66 anos, que saiu de casa com a roupa que tinha no corpo. “Pensei que não regressava”.
A serra do Caramulo tem sido fustigada por violentos incêndios há mais de uma semana.
As chamas já destruíram uma área de oito mil hectares. “Isto é uma verdadeira tragédia”, diz Carlos Marta, presidente da câmara.
