
Uma análise preliminar divulgada pelo Canadian Climate Institute estima que, em 2024, o Canadá tenha emitido 694 milhões de toneladas de gases com efeito de estufa, o equivalente ao que 146 milhões de automóveis movidos a gasolina libertam num ano. O valor é idêntico ao registado em 2023, o que demonstra estagnação nos esforços de redução.
Embora setores como a produção de eletricidade e a indústria pesada tenham conseguido diminuir as suas emissões, estes avanços foram anulados pelo crescimento no setor petrolífero, que representa quase um terço do total nacional. Também os transportes, responsáveis por cerca de 23% das emissões, não registaram melhorias significativas.
O Canadá comprometeu-se a reduzir as emissões entre 40 e 45% face a 2005 até 2030. Atualmente, a redução é de apenas 8,5%. Para cumprir o objetivo, seria necessário cortar 40 milhões de toneladas por ano, algo que os investigadores consideram impossível de alcançar no tempo disponível.
Especialistas do instituto afirmam que a conjugação de prazos curtos e da dimensão técnica necessária torna a tarefa inviável, e sublinham que o crescimento contínuo do setor do petróleo e gás está a contrariar todos os outros esforços.
O relatório descreve o progresso canadiano como “frágil” e alerta que as recentes mudanças de políticas federais e provinciais, incluindo a suspensão de medidas como o preço do carbono para consumidores e o adiamento do mandato para veículos elétricos, reduzem ainda mais a probabilidade de cortes expressivos.
Apesar destas conclusões, o Governo federal mantém a meta de alcançar a neutralidade carbónica até 2050, embora recuse confirmar se os objetivos de 2030 e 2035 continuam em vigor.
Com este cenário, o Canadá permanece como o país do G7 com pior desempenho na redução de emissões. O relatório do Canadian Climate Institute deixa claro que, sem medidas mais firmes, o país arrisca perder terreno num desafio que é global e urgente.
