Camponeses começaram a regressar aos campos em Cabo Delgado

Pemba, Moçambique, 05 out 2024 (Lusa)– Camponeses de Macomia, na província moçambicana de Cabo Delgado, que haviam abandonados os campos de produção devido aos confrontos entre autoridades e terroristas, começaram a regressar aos seus campos de produção, disseram hoje à Lusa fontes da comunidade.

Trata-se de camponeses de Namigure e Nambine, que se encontram a praticar atividades agrícolas entre a sede de Macomia e o posto administrativo de Mucojo, os quais tinham abandonado desde junho, devido aos intensos confrontos.

“Já estamos a regressar, pese embora o ambiente não menos bom, mas o tempo está a passar e as machambas [campos agrícolas] continuam intactas”, disse uma fonte a partir de Macomia, que faz parte dos retornados a Namigure.

Os camponeses haviam abandonado os campos agrícolas devido aos confrontos militares envolvendo as forças armadas no terreno e os rebeldes, nas matas de Mucojo e Quiterajo, a 40 e 70 quilómetros da sede de Macomia, respetivamente. Relatam agora que os últimos desenvolvimentos no terreno dão alguma esperança de segurança.

“Na minha área tem gente a trabalhar, e eu vou lá. O tempo está a passar, daqui a dois ou três meses começa a chover e quem não se prepara não terá nada”, disse à Lusa outro camponês, de Nambine.

De acordo com as fontes, a forças armadas têm reforçado o patrulhamento nas zonas de produção, para manter a segurança que permita os campestres trabalhar.

“Às vezes recebemos a força local, tem feito um excelente trabalho de patrulhamento nas nossas machambas, e isso nos encoraja a trabalhar”, disse ainda.

As Forças Armadas de Defesa de Moçambique e suas congéneres do Ruanda, anunciaram, em 25 de setembro, que abateram dez terroristas, num ataque que também resultou na morte de militares, nas matas do posto administrativo de Mucojo.

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, disse esta sexta-feira que, nas últimas semanas, “vários terroristas foram postos fora de combate e destruídos importantes acampamentos” dos insurgentes, na província de Cabo Delgado, norte do país.

Nyusi falava durante o discurso das comemorações do Dia da Paz, uma data alusiva à Assinatura do Acordo de Paz, que acabou com 16 anos de guerra civil em Moçambique, tendo assegurado ainda que foi “capturado material bélico e de propaganda” que estava na posse dos insurgentes.

“É certo que continuamos a enfrentar o desafio do terrorismo em Cabo Delgado, cujo combate tem vindo a registar sucessos, com desarticulação das ações dos terroristas e redução dos ataques e retorno das pulações” às suas zonas de origem, disse.

Desde outubro de 2017, a província de Cabo Delgado, rica em gás, enfrenta uma rebelião armada com ataques reclamados por movimentos associados ao grupo extremista Estado Islâmico.

O último grande ataque deu-se em 10 e 11 de maio, à sede distrital de Macomia, com cerca de uma centena de insurgentes a saquearem a vila, provocando vários mortos e fortes combates com as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique e militares ruandeses, que apoiam Moçambique no combate aos rebeldes.

Desde o início de agosto, diferentes fontes no terreno, incluindo a força local, têm relatado confrontos intensos entre a missão militar conjunta e os insurgentes nas matas do posto administrativo de Mucojo (Macomia), envolvendo helicópteros, blindados e homens fortemente armados, com relatos de tiroteios em locais considerados como esconderijos destes grupos.

RYCE // MSF

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