Se há coisa que carateriza Portugal e mesmo os países lusófonos é a calçada portuguesa. Um património de pedras em calcário branco e de outras cores e cuja mistura pode formar padrões decorativos.
Esta prática surgiu em meados do século XIX, precisamente na Praça do Rossio em Lisboa. Até então, os passeios portugueses não tinham rigor nem obedeciam a critérios rigorosos.
Os primeiros pavimentos calcetados surgiram por volta de 1500 por ordem do rei D. Manuel I. O monarca ordenou que algumas artérias de Lisboa fossem pavimentadas com granito vindo da região do Porto.
Chegou 1755, o ano do terrível terramoto que arrasou tudo e a calçada passou a ser improvisada até meados do século XIX. Nessa ocasião, os presidiários de Lisboa foram obrigados a efetuar o trabalho de pavimentar a baixa de Lisboa a partir da pedra calcária. Esta calçada rapidamente se espalhou por Portugal e por todas as colónias. Passou a ser moda e significado de bom gosto com um sentido artístico muito apurado. Esta nova arte inspirou o famoso calçadão da Praia de Copacabana.
No século XXI há calçada portuguesa espalhada um pouco por todo o mundo, incluindo as cidades espanholas de Ceuta e Olivença. Passado todo este tempo, tudo vai mudar novamente.
Em nome do plano de mobilidade e acessibilidade, para que idosos e deficientes se sintam em segurança, tal como toda a população, Lisboa só vai manter a calçada portuguesa nas zonas históricas e todo o pavimento que seja considerado artístico. O resto, será substituído por outros materiais mais cómodos e acessíveis. De facto, passear-se nas ruas de Lisboa em cima da calçada portuguesa pode parecer tanto de bonito como de incómodo.
A calçada portuguesa quando mal executada origina problemas sistemáticos de manutenção e é a principal causa de lesões. As queixas têm aumentado e pelos vistos vai começar mais uma transformação nas ruas portuguesas. A expansão da calçada portuguesa em larga escala fez com que descesse a qualidade da execução.
Um terço dos turistas que visitam Lisboa tem mais de 55 anos e as acessibilidades ocupam um lugar relevante no apuramento do grau de satisfação. A partir de agora apenas vai ser preservada a calçada portuguesa artística. Tudo o resto dará lugar a passeios cómodos e acessíveis para todos. Portanto, prepare-se para todas estas alterações na sua próxima visita a Lisboa.
A Direção