Bastava ir ao Google, Mr. Speaker!

Correio da Manhã Canadá

Na longa história do Parlamento do Canadá, o aplauso a um ex-combatente nazi deve ter sido um dos momentos mais embaraçosos e humilhantes de todos os tempos. A demissão do Mr. ‘Speaker’, Anthony Rota, não muda isso. Rota apresentou e elogiou um homem que lutou contra os russos numa divisão nazi durante a Segunda Guerra Mundial.

O primeiro-ministro Justin Trudeau aclamou e aplaudiu o homem, Yaroslav Hunka, de 98 anos. O mesmo fez o Presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy, que tinha acabado de discursar no Parlamento e todos os demais deputados federais, de todos os partidos.

Todos os que aplaudiram aceitaram a declaração de Rota de que Hunka é um “herói ucraniano e um herói canadiano”. Justin Trudeau pediu desculpas inúmeras vezes ao longo de uma semana muito embaraçosa para o país.

Rota desculpou-se e assumiu toda a culpa. Diz que não sabia do passado de Hunka. Mas como Mr. Speaker que é quem gere o Parlamento, que pode convidar pessoas para o hemiciclo, deveria ter sabido. Uma melhor investigação do homenageado poderia ajudá-lo a evitar dissabores para ele e para o Canadá que fez manchete em todos os cantos do mundo.

Em Portugal, a história não passou incólume, sendo duramente espremida pelos meios de comunicação social e pelos comentadores lusos.

Também no nosso país se destacou a luso-canadiana Alexandra Mendès. A parlamentar que nasceu em Lisboa decidiu candidatar-se pela segunda vez a ‘speaker’ do Parlamento canadiano. Referiu que a situação vivida na última semana foi “inaceitável” para o país. A cidadã portuguesa pode ser a eleita dos deputados para liderar a Câmara dos Comuns já esta terça-feira, dia 3 de outubro.

Alexandra Mendès pode juntar num único mês o reconhecimento oficial do presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, sob o olhar atento de Justin Trudeau, após visitarem uma exposição sobre os 70 anos da imigração oficial portuguesa para o Canadá ao de líder do Parlamento de uma das nações mais poderosas do mundo.

Há dois anos, a deputada liberal desafiava Anthony Rota para o cargo de ‘Speaker’ do Parlamento. Agora, caso seja eleita, aconselhamos que faça sempre um trabalho de investigação mais exaustivo do que aquele que Rota (não) fez. Não precisa de muito. Apenas uma pesquisa no Google e está safa do escrutínio mundial. O Canadá e o mundo civilizado agradecem.