A TERCEIRA GERAÇÃO

É comum dizer-se que a barreira da terceira geração é fundamental para se definir o futuro de uma família ou de uma qualquer organização. Isto é, uma grande fortuna criada e gerada por alguém pode terminar na terceira geração porque esta não conheceu nem viveu as emoções do crescimento, mas sim deparou-se com uma realidade já dourada.

Partindo-se do pressuposto que entre a primeira e a terceira geração passaram 40 a 50 anos, percebe-se a razão por que quem herda nunca saberá dar o devido valor àquilo que outros construíram e desenvolveram. Há exceções, claro! E quando assim acontece, as famílias, os grupos e organizações que disso tiram partido saem beneficiadas e ficam mais sólidas. Mas, como se disse antes, esse sucesso já começa a ser uma exceção e não uma regra.

Na política passa-se o mesmo fenómeno. E o caso português é disso paradigmático. Neste momento a política portuguesa é feita pela terceira geração da herança da Democracia iniciada em 1974 e a grande incógnita é saber-se se Portugal vai ter a sorte de sair beneficiado ou se acaba por conhecer as dificuldades próprias de quem pouco fez para chegar ao lugar que ocupa.

Vamos a factos: Pedro Passos Coelho, António José Seguro e Paulo Portas são os protagonistas desta realidade. Lideram PSD, PS e CDS, os partidos da área governamental e os responsáveis pelas políticas que orientam 10 milhões de pessoas. Em devido tempo e com a esperança própria da juventude, Portugal acreditou no futuro. Mas, rapidamente, o sonho transformou-se em pesadelo e o País passou a viver sob o estatuto da incerteza.

A terceira geração de líderes começou a desencantar e parece que pouco se incomoda com os incómodos que provoca nos outros. Podem não ser egoístas, mas as práticas demonstram que pensam mais na estratégia pessoal do que no bem-estar coletivo. É certo que a democracia não se faz sem partidos políticos, mas defender os interesses partidários em detrimento dos interesses da sociedade é semear a confusão para colher crises.

Neste momento, a terceira geração está convidada, senão obrigada, a entender-se. À partida dizem e mandam dizer que até estão de acordo com o essencial mas divergem nos pormenores. E sem estas pequenas coisas não se encontram soluções. Vamos ver se esta terceira geração é para desbaratar ou para valorizar o que encontrou. A única certeza é o cansaço que atinge cada português por ser sempre chamado a resolver problemas criados por outrem.

A Direção