A PLATAFORMA DE MACAU

Desde o ano 2000, o mundo habituou-se a classificar este século XXI como o período áureo do continente asiático. A Europa e a América começaram, há algum tempo, a deslocalizar para os países da Ásia, muita produção e serviços. A principal razão prendia-se com os custos de produção, muito mais baixos dos que se praticavam na Europa e na América

Na ocasião não se pensou nas consequências sociais que essa transferência iria acarretar, e de facto veio a acontecer. Mesmo assim, Europa e América adaptaram-se conforme as circunstâncias e a China impôs-se como potência económica. Sob o lema de um regime e dois sistemas, Pequim passou a ditar orientações e influências. Hong-Kong e Macau ficaram com um estatuto especial e a partir dessas duas praças os chineses ficaram mais fortes.

Macau, que durante 450 anos foi um território administrado pelos portugueses, ainda mantém um estatuto de transição até 2049. Nessa condição apresenta-se como a plataforma ideal e mais preponderante para a afirmação da portugalidade no continente asiático. Uma das suas montras para negócios é a Feira Internacional (MIF), que acaba de se realizar e que já vai na 21ª edição. Este ano, foram assinados 50 protocolos de cooperação entre empresas e organizadas 380 sessões de negociação comercial.

Estes atos simbólicos têm uma importância acrescida para os chineses. Antes de qualquer transação há que estabelecer regras e princípios de acordo com os seus valores culturais. Por isso, o Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau considerou de muito positivo o resultado do certame deste ano. Portugal marca forte presença através de uma organização louvável promovida pela AJEPC – Associação dos Jovens Empresários Portugal China e que não se limita ao espaço português.

O presidente da AJEPC, Alberto Neto, tem em conta que o espaço da lusofonia representa 4% do PIB mundial e, por isso, reúne em Macau o melhor da CPLP, de modo a que o impacto das empresas de língua portuguesa seja bem evidente ao ponto de sobressair no meio da competitividade tão marcada naquela zona. Em consequência a MIF gera negócio e as empresas participantes veem reconhecidos os esforços da sua participação.

De facto, Portugal é mais forte quando acompanhado dos seus “irmãos” lusófonos e ganha outra dimensão e respeito por parte da concorrência. Antes, a montra de Portugal focava-se quase exclusivamente no setor alimentar. Este ano já foi diferente e com a admiração dos chineses que olham para os nossos produtos e serviços como veículos de confiança.

Macau continua, desta forma, a representar a melhor entrada para o mercado chinês. Todo o mundo sabe isso e as empresas portuguesas não podem desaproveitar oportunidades como esta. Até à próxima MIF muito vai acontecer nas relações comerciais com a China e todos nós sabemos como os chineses admiram esta relação de quase cinco séculos.

A Direção