A GREVE GERAL FOI UM FLOP

Na semana passada fomos até Argel, um dos novos destinos de grande procura dos portugueses para negócios. Estávamos em mais uma missão empresarial promovida pelo Banco Espírito Santo, com o objetivo de incentivar relações comerciais bilaterais.

Longe de Portugal, as 43 empresas presentes, das áreas alimentar e materiais de construção, fizeram o seu trabalho e manifestaram-se agradadas com o futuro naquela região, que cresce em bom ritmo. O regresso a Portugal coincidiu com a realização de uma greve geral. As duas centrais tinham convocado esta paralisação como forma de protesto contra as políticas do Governo.

Claro está, o regresso foi mais demorado porque o aeroporto de Lisboa estava semi parado. Mas uma vez chegados a Lisboa deu para apreciar como tinha sido o País em mais um dia de paralisação. Como de costume, parou o setor público do Estado e trabalhou todo o setor privado. Quem faz greve é quem, efetivamente, menos contribui para o produto nacional e os efeitos chegam a ser incómodos porque os transportes públicos ainda estão sob a alçada do Estado. Então a contestação é mais política do que sindical e assim sendo, porquê os sindicados quererem substituir-se aos partidos políticos?

Precisamente porque os portugueses estão zangados com os políticos, sejam eles da esfera do Governo, sejam da oposição. Os sindicalistas ligados aos partidos atuam como verdadeiras correias de transmissão e o resultado é o desinteresse.

Depois há aqueles que se enchem de força quando ouvem um discurso mais escaldante. Recentemente, após o discurso do líder da central sindical CGTP, um grupo de manifestantes arrancou as pedras do passeio fronteiriço ao Parlamento e passou um largo período a apedrejar a polícia, com honras de transmissão televisiva em direto. Desta vez, após outro discurso do mesmo líder sindical, um grupo de manifestantes tentou bloquear o trânsito na Ponte 25 de Abril. A polícia pôs rapidamente fim a esses intentos, mas o curioso é que esses manifestantes declararam-se surpreendidos pela ação policial, uma vez que imaginavam que seria legítimo e até normal um bloqueio destes.

No final, criticaram a polícia por os terem feito perder muito tempo na identificação, uma vez que havia gente com filhos em casa e coisas para fazer. Mas esses mesmos ignoraram os filhos e as coisas por fazer de todos aqueles que ficaram presos no trânsito durante algum tempo, por culpa da sua ilegítima iniciativa.

Enfim, líderes políticos e sindicais não vêm a terreiro criticar estas formas de atuação e enquanto assim for perdem-se as razões para as verdadeiras contestações. Num dia de greve geral, metade trabalhou e pelo que se viu a outra parte manifestou-se e encheu as praias, porque o dia foi de muito calor.

A Direção