A AMEAÇA NORTE COREANA

Não pára a crise na Península coreana. Depois do assassinato do irmão mais velho do líder Kim Jong-un, num aeroporto da Malásia, da morte de outros familiares e de dirigentes incómodos ao regime, a ameaça agora é de que a Coreia do Norte se encontra na fase final de desenvolvimento de uma arma nuclear capaz de atingir os Estados Unidos. O recado chegou a Washington em forma de ameaça e para se prepararem para lidar com um potente Estado nuclear. Trump ainda não explicou bem como vai ser a sua relação com o regime de Pyongyang, limitando-se a dizer que as ameaças norte coreanas não vão acontecer e que a resposta dos Estados Unidos será forte no momento oportuno.

Até lá, o mundo vai assistindo impávido ao que se passa nesse País de ditadura ridícula, insensível à fome e à subnutrição do povo. As execuções sucedem-se, os militares absorvem a grande fatia do rendimento nacional e para orgulho de uns quantos fieis ao regime identificam-se e apresentam-se como detentores de um dos maiores exércitos do mundo.

A existência de duas Coreias é consequência da Segunda Guerra Mundial. Antes, a Coreia era um único País dominado pela China. Em 1910, o Japão venceu a China e ocupou o território coreano. Mas com a derrota na Grande Guerra, o Japão foi obrigado a abandonar a Coreia que, mais tarde, foi dividida entre soviéticos e norte americanos. Criaram-se duas partes distintas: a Coreia do Norte, com sistema comunista; e a Coreia do Sul, com sistema capitalista. Em 1950, as duas Coreias entraram em guerra e o conflito durou três anos. Desde então vive-se um clima de tensão permanente na fronteira mais vigiada do mundo.

A Coreia do Norte fechou-se. Considera-se um Estado autossuficiente e adotou um regime de ditadura hereditária, baseado no culto da personalidade. O fundador, Kim Il-sung era o avô do atual líder. Tudo o que se pensa e se faz na Coreia do Norte tem como finalidade glorificar o líder atual e o fundador do País, o qual continua a ser considerado o Presidente Eterno. Somente a China, a Rússia e mais meia dúzia de países asiáticos mantêm forte relação com Pyongyang.

Com base nestas relações, a Coreia do Norte desenvolveu um programa nuclear próprio e ameaçador aos países vizinhos que mais lhe interessa incomodar, nomeadamente a Coreia do Sul e o Japão. O Conselho de Segurança das Nações Unidas já teve de intervir por diversas vezes, aplicando sanções para evitar males maiores. No entanto, as experiências e as ameaças nucleares continuam e a resposta do outro lado da fronteira é o fornecimento de alimentos para um povo necessitado.

Ninguém tem dúvidas que o grande sonho coreano é a reunificação, mas o mundo tem medo e desconfia desses propósitos. Já não basta a vontade dos coreanos, é o mundo que terá de decidir como se lidar com esta realidade. Por agora, os Estados Unidos parecem mais preocupados em amedrontar os seus próprios vizinhos com ações práticas e gerir à distância, apenas com palavras, um regime que está decidido em tornar-se uma ameaça, baseado na única vontade em se tornar uma importante potência nuclear.

A Direção