A ABOMINÁVEL TERCEIRA VAGA E A LUZ AO FUNDO DO TÚNEL

Correio da Manhã Canadá

À medida que o número de casos de covid-19 se mantém elevado um pouco por todo o mundo, o temor de uma possível terceira vaga da pandemia acentua-se. O alerta veio da própria Organização Mundial da Saúde (OMS), que disse, há poucos dias, pela voz do enviado especial David Nabarro, que a Europa poderá vir a enfrentar um ressurgimento do vírus antes da introdução da vacina, em inícios de 2021.

A preocupação também ecoa em Portugal. Recentemente, o presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa falou numa eventual terceira vaga em janeiro, admitindo que o estado de emergência declarado no país poderá ser prolongado até ao Natal.

Já no Canadá, a terceira vaga ainda não ocupou, pelo menos até ao fecho desta edição, o discurso das autoridades. Apesar disso, a diretora-geral da Saúde do Canadá, Theresa Tam, mantém-se severa nas palavras, alertando que o país poderá atingir o marco de 20 mil casos diários já em dezembro.

As referências à severidade do vírus têm sido acompanhadas por notícias otimistas sobre o desenvolvimento de várias vacinas contra a covid-19. Depois do primeiro anúncio da Pfizer, que falou inicialmente na eficácia de 90% do respetivo medicamento, várias organizações, como a Moderna, a Sinovac, a Astra Zeneca ou Fundo de Fundo de Investimento Direto Russo, também se chegaram à frente, divulgando resultados promissores. Desde então, a Pfizer já atualizou a sua taxa de sucesso para os 95%, pouco acima dos 94,5% da Moderna.

Se por um lado estas novidades representam a “a luz ao fundo do túnel”, como bem descreve o primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, por outro, não é possível evitarmos uma certa desconfiança. Será que a corrida competitiva pela melhor vacina não estará a precipitar os anúncios das farmacêuticas e empresas de biotecnologia? Vários especialistas já apelaram, neste contexto, à calma, avisando que antes do medicamento ter um efeito prático, será ainda preciso resolver muitas questões relativas à aprovação, armazenamento e distribuição do medicamento pelo mundo.

Enquanto isso, as autoridades fazem antevisões: em Portugal, o governo diz estar “a preparar tudo” para distribuir a “primeira vacina em janeiro”, e no Canadá, fala-se na chegada do medicamento no “início do próximo ano”. Será? No final de contas, resta-nos esperar que a terceira vaga se mantenha no plano das suposições e que a chegada da milagrosa vacina invada o plano da realidade.