Perspetivas de emprego na Alemanha continuam sombrias em 2026 – instituto

Colónia, 29 dez 2025 (Lusa) – As perspetivas de emprego na Alemanha para o próximo ano continuam sombrias, particularmente na indústria, um pilar da economia que o governo de Friedrich Merz procura revitalizar, segundo uma sondagem do Instituto IW, com sede em Colónia.

Apenas nove associações industriais apontam para um crescimento do emprego no próximo ano, 22 esperam cortes de postos de trabalho em comparação com este ano, e 15 admitem uma estagnação, revelou o inquérito divulgado hoje.

O balanço geral para 2026 é negativo, ainda que tenha melhorado ligeiramente em relação ao ano que agora termina.

Os setores onde se preveem maiores reduções na força de trabalho são o do automóvel, químico e das máquinas e ferramentas.

Já os setores farmacêutico, aeroespacial, naval e de tecnologias marítimas admitem contratações líquidas, segundo o IW.

Após três anos de estagnação, o governo de coligação do chanceler Friedrich Merz lançou em maio um pacote de investimento público, totalizando várias centenas de milhares de milhões de euros, acompanhado de cortes nos impostos sobre as empresas, uma “agenda de alta tecnologia” e uma redução de 10 mil milhões de euros nos custos de energia a partir de 2026.

“Estamos a ver melhores perspetivas nos setores da construção e da tecnologia de segurança, ligadas aos programas de investimento”, disse à AFP Michael Grömling, economista do IW, admitindo que a estratégia do governo começa a surtir efeito.

Mas a indústria alemã continua sob pressão, com uma perda de 120.300 empregos num ano (-2,2%) e quase 272.000 postos de trabalho desde 2019 (-4,8%), de acordo com a consultora EY.

O setor automóvel é o mais afetado, com 48.800 cortes de emprego num ano, representando mais de 6% da força de trabalho.

Grandes grupos como a Volkswagen e a Bosch planeiam eliminar dezenas de milhares de postos de trabalho até 2030.

“Não se prevê uma recuperação do emprego industrial”, afirma Grömling, adiantando que estão em causa desafios estruturais como tensões geopolíticas e comerciais, enfraquecimento das cadeias de abastecimento, acesso a matérias-primas essenciais, descarbonização industrial e transição para veículos elétricos no setor automóvel.

Nos setores público e dos serviços, o emprego está a crescer, principalmente nas áreas da saúde e segurança, impulsionado pelo envelhecimento da população. No entanto, o IW conclui que este crescimento é insuficiente para compensar as perdas na indústria.

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