Mais de 400 personalidades femininas pedem ao Irão que suspenda execução de ativista

Genebra, 23 dez 2025 (Lusa) – Mais de 400 personalidades femininas de todo o mundo, incluindo quatro prémios Nobel e várias ex-presidentes e chefes de Governo, pediram hoje ao Irão que liberte imediatamente a ativista Zahra Tabari, temendo a sua iminente execução.

Zahra Tabari, uma mãe de 67 anos, foi condenada à morte em outubro passado, após um “julgamento simulado de dez minutos realizado por videoconferência sem a presença do seu advogado”, segundo uma carta assinada por estas personalidades.

O texto especificou que Tabari enfrenta a pena de morte “por segurar uma faixa com a inscrição ‘Mulher, Resistência, Liberdade’, provavelmente derivada da frase ‘Mulher, Vida, Liberdade'” que ganhou popularidade durante a onda de protestos de 2022 no Irão.

Elaborada pela associação de familiares das vítimas “Justiça para as Vítimas do Massacre do Irão de 1988”, com sede em Londres, a carta foi assinada por ex-presidentes da Suíça e do Equador e ex-primeiras-ministras da Finlândia, Peru, Polónia e Ucrânia.

“Exigimos a libertação imediata de Zahra e apelamos aos governos de todo o mundo para que se solidarizem com as mulheres iranianas na sua luta pela democracia, igualdade e liberdade”, referiu a carta.

O documento foi também assinado por juízas, diplomatas, membros do parlamento e outras figuras públicas, como a filósofa francesa Elisabeth Badinter.

Os meios de comunicação estatais iranianos não mencionaram o caso nem confirmaram a sentença de morte de Tabari, mas um grupo de oito peritos independentes da ONU confirmou hoje a sentença — com base apenas numa faixa e numa mensagem áudio não divulgada — e exigiu que o Irão “suspenda imediatamente” a sua execução.

Estes peritos, mandatados pelo Conselho dos Direitos Humanos da ONU, mas não agindo em seu nome, sublinharam que o Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos – ratificado pelo Irão – limita, em princípio, a aplicação da pena de morte aos “crimes mais graves”.

Contudo, “este caso não envolve homicídio doloso e apresenta numerosas irregularidades processuais”, sublinharam, concluindo que “a morte de Tabari nestas circunstâncias constituiria uma execução arbitrária”.

A carta assinada por mais de 400 mulheres destacadas recorda e denuncia o terror que as mulheres têm sofrido durante décadas no Irão, o país que executa o maior número de mulheres ‘per capita’ no mundo.

De acordo com a organização Iran Human Rights (IHR), sediada na Noruega, as autoridades iranianas executaram este ano mais de 40 mulheres.

A carta afirma ainda que Tabari é acusada de colaborar com a organização de oposição Mujahedin do Povo (MEK), que está proibido do Irão.

O MEK disse à agência de notícias AFP que Tabari está entre os 18 ativistas atualmente condenados à morte no Irão pela sua filiação no grupo.

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