
Tóquio, 23 dez 2025 (Lusa) — A ministra japonesa das Finanças, Satsuki Katayama, sublinhou que o país tem “liberdade” para tomar “medidas decisivas” face à queda do iene, em declarações à Bloomberg que deixam entrever uma possível intervenção do Governo e que provocaram um fortalecimento hoje face ao dólar.
“É evidente que estes movimentos não se ajustam aos fundamentos económicos, são mais especulativos”, disse Katayama numa entrevista à Bloomberg publicada na segunda-feira, antes de acrescentar que o Japão “tomará medidas decisivas”.
As declarações reforçam afirmações semelhantes por parte do vice-ministro das Finanças para Assuntos Internacionais do Japão, Atsushi Mimura, que afirmou na segunda-feira que Tóquio tomará “medidas apropriadas” contra “movimentos unilaterais e rápidos” do iene.
No passado, declarações semelhantes antecederam intervenções do Governo para travar os movimentos bruscos da moeda.
O iene estava hoje a ser negociado em torno de 156,3 ienes por dólar, contra os mais de 157 ienes negociados na segunda-feira, seu nível mais baixo do último mês. A cotação por euro está hoje em 183,98 ienes pela unidade europeia contra cerca de 184,5 na segunda-feira.
Esta desvalorização do iene acontece apesar do aumento das taxas pelo Banco do Japão (BoJ), que fixou na sexta-feira a taxa de juro de referência em 0,75 %, o nível mais alto em três décadas, num contexto de inflação persistente.
Embora o governador do banco central japonês, Kazuo Ueda, tenha afirmado que as taxas de juro reais ainda são “extremamente baixas”, condicionou futuras decisões do organismo às condições económicas, o que foi interpretado como um tom cauteloso em relação à possibilidade de novos aumentos e motivou as vendas de ienes nos mercados cambiais, além de impulsionar fortes subidas na Bolsa de Tóquio, onde os exportadores beneficiam de um iene fraco.
Paralelamente, o rendimento da dívida pública japonesa a 10 anos subiu para 2,095%, o valor mais alto desde 1999, refletindo a crescente preocupação com a saúde orçamental do país — o mais endividado entre as grandes economias — face aos planos de despesa do novo Governo liderado pela primeira-ministra Sanae Takaichi.
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