
Maputo, 17 dez 2025 (Lusa) — O Movimento Democrático de Moçambique (MDM) defendeu hoje negociações entre o Governo e a Mozal para travar a suspensão das atividades desta indústria, a maior do país, em março, alertando para impactos sociais, económicos e ambiente de negócios.
A bancada parlamentar do MDM defende “que o Governo deve negociar a prorrogação do contrato para permitir encontrar uma solução mais consistente que garanta a estabilidade dos milhares de moçambicanos que serão afetados com esta notícia de encerramento das operações da empresa”, disse Fernando Bismarque, porta-voz da bancada do MDM, durante uma conferência de imprensa, em Maputo.
Segundo aquele partido moçambicano, a suspensão de atividades da Mozal terá um “grande impacto” nos provedores de serviços, nos trabalhadores da empresa que “estarão à deriva”, além de afetar também a confiança de investidores e a imagem internacional de Moçambique.
Fernando Bismarque afirmou que Moçambique “não se pode dar ao luxo de ver a Mozal encerrar as suas portas” e, por isso, o partido defende que o Governo identifique uma “solução estudada, estruturada e não emocionada” para garantir que a empresa mantenha as operações.
“Reforçamos a necessidade de se encontrar um período de pelo menos um ano para, em conjunto, identificarmos os caminhos para solucionarmos este impasse que a nosso ver não pode ser visto como uma mera chantagem, é preciso avaliar a dimensão social, a dimensão do ponto de vista da imagem de Moçambique naquilo que é o ambiente de negócios”, frisou Bismarque.
A Mozal compra quase metade da energia produzida em Moçambique e tem um peso estimado de pelo menos 3% do Produto Interno Bruto (PIB).
O Governo moçambicano disse, na terça-feira, que há uma equipa a trabalhar para garantir que o futuro da Mozal não prejudique nenhum dos envolvidos, após o anúncio de suspensão de atividades.
A administração da australiana South32 anunciou, na terça-feira, que a Mozal, maior indústria de Moçambique, vai suspender atividades a partir de 15 de março de 2026, face à falta de um novo acordo de fornecimento de eletricidade.
Segundo um comunicado da South32, a Mozal continua a dialogar com o Governo de Moçambique, a Hidroelétrica de Cahora Bassa e a sul-africana Eskom para garantir o fornecimento de “eletricidade suficiente e acessível” até à suspensão em março, altura em que o acordo em vigor expira.
O custo de manutenção da Mozal, incluindo rescisão de contratos, deverá ser de cerca de 60 milhões de dólares (51 milhões de euros) e os custos anuais contínuos de manutenção e conservação serão de cerca de cinco milhões de dólares (4,2 milhões de euros).
A Mozal anunciou em agosto que pretende cortar no investimento e dispensar empreiteiros contratados, mantendo apenas a operação até março, alegando não ter condições de continuidade. Poucos dias depois, a Confederação das Associações Económicas (CTA) de Moçambique revelou que a Mozal rescindiu contratos, de forma “súbita”, com cerca de 20 empresas, deixando pelo menos mil desempregados.
O Governo moçambicano considerou “extremamente baixa” a contribuição fiscal da empresa, manifestando interesse em avançar com uma revisão das suas obrigações neste domínio.
O Presidente moçambicano afirmou que as tarifas de energia propostas pela Mozal levariam ao colapso da HCB, reagindo à ameaça de encerramento da unidade de fundição de alumínio em 2026.
O fornecimento de eletricidade à Mozal é feito através da sul-africana Eskom, que por sua vez compra energia à HCB – 66% do total produzida em 2024 -, que funciona no centro de Moçambique, mas o Governo moçambicano pretende reverter este cenário.
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