Mpox: Mais de 22 mil vacinados em província epicentro da doença em Moçambique

Niassa, Moçambique, 03 dez 2025 (Lusa) — Um total de 22.022 pessoas foram vacinadas contra a mpox em cinco dias de campanha na província moçambicana do Niassa, epicentro da doença, disse hoje à Lusa o médico chefe daquela região do norte de Moçambique.

“Tínhamos uma meta de 22.796 do grupo-alvo que nós pretendíamos alcançar (…). Nós fazemos um balanço positivo porque conseguimos alcançar uma meta de 22.022 pacientes vacinados”, disse Amândio Viola, médico chefe da província de Niassa.

A campanha de imunização iniciou-se em 27 de novembro e terminou na segunda-feira, tendo abrangido sete dos 16 distritos de Niassa, nomeadamente Lago, Marrupa, Cuamba, Lichinga, Majune, Maúa e Metarica, todos com pelo menos um caso confirmado de mpox, avançou Viola.

A vacina Imvanex, com um total de 23.500 doses, foi administrada em contactos dos casos confirmados, garimpeiros, guardas de fronteira, funcionários da migração e “grupos de frente”, entre os quais profissionais de saúde e colaboradores de saúde comunitários.

“O surto, quando começou, estava focalizado no distrito de Lago, concretamente no posto administrativo de Lupulichi, onde fomos ver que a grande parte dos pacientes que nós tínhamos eram garimpeiros e mulheres trabalhadoras de sexo. [Além destes] incluímos também [na vacinação] aqueles que nós achámos que pela natureza do serviço têm maior probabilidade de entrar em contacto com casos de mpox”, disse o responsável.

Segundo Amândio Viola, a província de Niassa não regista casos suspeitos e ativos da doença há mais de duas semanas, após 660 suspeitos registados desde julho, 80 dos quais foram positivos para a mpox.

“Desses 80 casos, importa referir que 64 casos só foram confirmados para o distrito de Lago”, acrescentou o médico, referindo que a imunização serve para “cortar a cadeia de transmissão” da doença naquela província.

Apesar das mais de 22 mil pessoas vacinadas contra mpox, Viola avançou que as autoridades de saúde vão continuar com as campanhas de sensibilização, além de manter a vigilância, principalmente em regiões próximas de países vizinhos de Moçambique com casos confirmados.

Moçambique tem um cumulativo de 91 casos da doença, registados desde julho, 90 dos quais estão recuperados, indica um boletim de atualização de dados da doença do Ministério da Saúde moçambicano, consultado hoje pela Lusa, e com informações de até segunda-feira.

Além de Niassa, com 80 positivos, foram também registados casos de mpox na província de Maputo (4), Tete (3), Manica (3) e Cabo Delgado (1).

O país africano testou um total de 1.855 pessoas, de um cumulativo de 1.857 suspeitos registados, e continua sem óbitos pela doença.

“Nas últimas 24 horas não houve registo de casos suspeitos de mpox. Não foram processadas amostras para mpox”, lê-se no documento.

Apesar do número significativo de recuperados da doença, o país africano não pode ainda declarar o fim do surto porque são necessários 60 dias sem um caso que seja positivo, segundo a diretora nacional adjunta de Saúde Pública, Aleny Couto.

“Para declararmos o fim do surto, temos que ter 60 dias sem um caso que seja positivo. Tendo em conta que na província de Niassa ainda estamos a ter casos positivos, não podemos neste momento declarar o fim do surto de mpox no país”, disse a responsável à Lusa, em outubro.

As autoridades sanitárias garantiram que Moçambique está preparado para lidar com a mpox, com capacidade para 4.000 testes, feitos localmente, em todas as capitais de província, através dos laboratórios de Saúde Pública.

A mpox é uma doença viral zoonótica, identificada pela primeira vez em 1970, na República Democrática do Congo. No atual surto, na África austral, desde 01 de janeiro, já foram notificados 77.458 casos da doença, em 22 países, com 501 óbitos.

O primeiro caso de mpox em Moçambique aconteceu em outubro de 2022, com um doente em Maputo, no surto anterior.

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