
Maputo, 03 dez 2025 (Lusa) – Cerca de 25 mil pessoas fugiram de ataques de grupos terroristas nos últimos dias de novembro na província moçambicana de Nampula, elevando a quase 108 mil o número de deslocados em três semanas, segundo a OIM.
De acordo com o mais recente relatório da Organização Internacional para as Migrações, a verificação conjunta entre a agência agência das Nações Unidas e as autoridades locais “confirmou o deslocamento de 22.202 famílias”, totalizando 107.784, entre 16 e 30 de novembro, que deixaram os postos administrativos Mazua, Chipene e Lúrio, distrito de Memba.
Em causa, refere o levantamento no terreno da OIM , estão os “recentes ataques de Grupos Armados Não Estatais no distrito de Memba, província de Nampula, entre 10 e 17 de novembro”.
No balanço anterior da agência, relativo a dados de 11 a 25 de novembro, estavam registados 82.691 deslocados, essencialmente do distrito de Memba para o de Eráti, ambos em Nampula.
A cidade de Nampula, Meconta, Metuge, Nacaroa, Chiure e Ilha de Moçambique, entre as províncias de Nampula e Cabo Delgado, são atualmente alguns dos destinos destes deslocados, que incluem cerca de 1.600 grávidas, 411 pessoas com deficiência e 116 com doenças crónicas.
Contudo, os principais pontos de concentração incluem Alua Sede (49.924 deslocados), Miliva (16.838), Escola Primária de Alua Velha (15.929) e Mecufi (13.978), sendo que menores representam 65% (70.432) da população deslocada, segundo a OIM.
“À medida que a situação evolui, grupos de deslocados internos que estão deslocados há mais de duas semanas continuam a deslocar-se entre as comunidades de acolhimento e os locais de receção, em busca de condições mais seguras e serviços essenciais”, alerta a organização.
O relatório acrescenta que “grupos vulneráveis”, incluindo “mulheres, meninas, idosos e pessoas com deficiência”, enfrentam atualmente “maior exposição a riscos de proteção, devido à falta de privacidade e ao acesso restrito a instalações essenciais”, incluindo acesso a água potável ou tratamento médico.
A organização ACLED estima que a província moçambicana de Cabo Delgado registou 14 eventos violentos entre 10 e 23 de novembro, envolvendo extremistas do Estado Islâmico e provocando 12 mortos, e alertou para o agravamento da situação em Nampula.
De acordo com o mais recente relatório da organização de Localização de Conflitos Armados e Dados de Eventos (ACLED, na sigla em inglês), dos 2.270 eventos violentos registados desde outubro de 2017, quando começou a insurgência armada em Cabo Delgado, um total de 2.107 envolveram elementos associados ao Estado Islâmico Moçambique (EIM).
Estes ataques provocaram em pouco mais de oito anos 6.341 mortos, refere no novo balanço, noticiado pela Lusa em 28 de novembro, incluindo as 12 vítimas reportadas nestas duas semanas de novembro.
O relatório aborda igualmente a movimentação de elementos do EIM pelos distritos de Eráti e Memba, na província vizinha de Nampula, relatando que “até 21 de novembro, já haviam realizado 13 ataques contra comunidades civis nos dois distritos e matado pelo menos 21 civis”, movendo-se em “pelo menos três grupos”.
“A atividade do EIM na província de Nampula atingiu o seu ponto mais alto em novembro, com 16 eventos nas primeiras três semanas do mês e a maior taxa mensal de mortalidade desde o início da insurgência. Novembro é o terceiro mês consecutivo em que o EIM tem estado ativo no norte de Nampula, marcando a atividade mais sustentada na província desde o início da insurgência”, acrescenta a ACLED, assumindo que estas “repetidas incursões” sugerem que o grupo “pode estar a procurar reforçar as ligações existentes na área, possivelmente com vista a reforçar as rotas de abastecimento para recrutas e mercadorias”.
A província de Cabo Delgado, também no norte de Moçambique, rica em gás, é alvo de ataques extremistas há oito anos, com o primeiro ataque registado em 05 de outubro de 2017, no distrito de Mocímboa da Praia.
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