Pequim, 28 nov 2025 (Lusa) – A embaixada da China no Afeganistão pediu hoje a empresas e funcionários chineses envolvidos em atividades de mineração na fronteira com o Tajiquistão para abandonaram a área rapidamente, após novo incidente de segurança com vítimas mortais.
Num comunicado divulgado na plataforma social WeChat – semelhante ao Whatsapp -, a delegação diplomática afirmou que, nos últimos dias, se registou “mais um” episódio violento na zona fronteiriça entre o Afeganistão e o Tajiquistão, que causou vítimas entre cidadãos chineses.
A nota não especifica o número de mortos nem explica as circunstâncias do ataque.
A embaixada instou todas as empresas e trabalhadores envolvidos em projetos de extração de ouro no nordeste do Afeganistão a retirarem-se imediatamente da região e a evitarem qualquer deslocação desnecessária.
A mensagem recomenda ainda que, em caso de emergência, contactem de imediato a polícia local e a própria missão diplomática.
Meios de comunicação social próximos do Governo chinês, como o jornal em língua inglesa Global Times, noticiaram que três trabalhadores chineses foram mortos num ataque a partir do território afegão, na quinta-feira, citando funcionários tajiques.
Segundo esta versão, um ataque com drones e armas de fogo atingiu, nesse dia, funcionários de uma empresa chinesa no sul do Tajiquistão, perto da fronteira afegã.
O nordeste do Afeganistão e as zonas montanhosas que ligam o país ao Tajiquistão são consideradas áreas de alto risco devido à presença de grupos armados e de redes de tráfico transfronteiriço, um ambiente que tem suscitado preocupações recorrentes entre as autoridades chinesas e da Ásia Central.
A China mantém desde 2021 uma relação pragmática com o regime talibã, centrada quase exclusivamente na segurança das fronteiras e na proteção dos investimentos.
Nos últimos meses, Pequim procurou obter garantias diretamente da ala mais dura do movimento islâmico, incluindo o poderoso ministro do Interior, Sirajuddin Haqqani, com quem discutiu a cooperação antiterrorista e o controlo das fronteiras.
Ao mesmo tempo, em Cabul, a China promoveu um eixo de cooperação com o Afeganistão e o Paquistão e pretende iniciar projetos mineiros e integrar o país na iniciativa “Faixa e Rota”.
Pequim também está a financiar infraestruturas de segurança no Tajiquistão, como a base que está a construir perto da fronteira afegã, numa tentativa de proteger a região de possíveis ataques transfronteiriços ou da presença de grupos uigures em território afegão.
CAD // APL
Lusa/Fim