
Maputo, 27 nov 2025 (Lusa) – O parlamento moçambicano pediu hoje um “amplo movimento” social para apoiar os mais de 70 mil deslocados devido aos ataques em Nampula, norte do país, apelando ao Governo para garantir o regresso seguro das populações.
“Somos convocados para um amplo movimento de solidariedade para minimizar o sofrimento dos nossos irmãos e irmãs vítimas da barbárie terrorista. Junto, unidos e determinados, vamos dizer não ao terrorismo”, disse a presidente do parlamento moçambicano, Margarida Talapa, que falava no encerramento da sessão que aprovou hoje, em Maputo, o orçamento da Assembleia da República para 2026.
A presidente do parlamento visitou, na terça-feira, o centro de reassentamento, no posto administrativo de Alua, distrito de Eráti, província de Nampula, que acolhe 15 mil famílias deslocadas devido aos ataques terroristas nos postos administrativos de Chipene, Mazua e Lúrio, no distrito de Memba, tendo disponibilizado um apoio de 60 toneladas de produtos diversos às vítimas.
“Exortamos ao Governo e às forças de defesa e segurança para em curto espaço de tempo garantir o seguro regresso das populações às suas zonas de origem”, disse Talapa.
O governador de Nampula, no norte de Moçambique, disse na quarta-feira que os grupos rebeldes que protagonizam ataques armados no distrito de Memba, naquela província, estão a abandonar a região devido à pressão das Forças de Defesa e Segurança.
“Há feridos graves que estão a ser puxados (…). Eles atravessaram há uns dias, (…), para o lado de Cabo Delgado, para a zona de Chiúre, portanto, abandonaram o nosso território”, disse o governador de Nampula, Eduardo Abdula.
A Organização Internacional para as Migrações (OIM) estimou na terça-feira que um total de 71.983 pessoas fugiram numa semana do distrito de Memba, Nampula, devido a ataques de grupos extremistas.
De acordo com um relatório de campo da agência das Nações Unidas, os recentes ataques de grupos armados não estatais no distrito de Memba, entre 10 e 17 de novembro, desencadearam novas deslocações, agravando a escalada da violência no norte de Moçambique em 2025.
Segundo a OIM, as mulheres, raparigas, idosos e as pessoas com deficiência enfrentam vulnerabilidades ainda maiores, incluindo a exposição à violência baseada no género, falta de privacidade e acesso limitado a instalações.
A província de Cabo Delgado, também no norte de Moçambique, vizinha de Nampula, rica em gás, é alvo de ataques extremistas há oito anos, com o primeiro ataque registado em 05 de outubro de 2017, no distrito de Mocímboa da Praia.
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