
Porto, 25 nov 2025 (Lusa) — A estreia nacional das “Bachianas Brasileiras”, de Villa-Lobos, Wim Mertens, The Divine Comedy, Patrick Watson, Mafalda Veiga, Expresso Transatlântico, Vitorino e GoGo Penguin fazem parte da programação da Casa da Música, no Porto, em 2026, anunciou hoje a instituição.
“É uma alegria para mim apresentar-vos a minha primeira programação da Casa da Música, uma instituição que admiro muito, pela sua história, arquitetura e pelas suas pessoas. É um projeto único no mundo”, declarou o diretor artístico da Casa da Música, François Bou, na conferência de imprensa que decorreu hoje para apresentar a programação da temporada 2026, que se vai organizar em ciclos ao longo do ano e festivais, como é habitual.
Segundo François Bou, trata-se de uma “programação agregadora e unificada”, onde se pretendem agregar “todas as forças da Casa da Música em torno de um projeto único e reforçar os vínculos”, ou seja, “uma casa, uma programação”.
“Raízes e Ressonâncias” é o conceito-âncora da temporada e vai manifestar-se de uma “forma transversal ao longo de todo o ano, inspirando ciclos, festivais, residências artísticas, programas educativos e projetos interdisciplinares”, explicou o diretor artístico.
As “Raízes” representam a ligação à memória cultural, estética, popular e espiritual, enquanto as “Ressonâncias” traduzem a repercussão contemporânea dessas raízes, seja na música, nas artes, na cultura ou na sociedade em geral.
A estreia em Portugal de “Bachianas Brasileiras”, do compositor brasileiro Heitor Villa-Lobos, é apenas um dos destaques da temporada de 2026, mas a programação está recheada de ciclos e festivais onde atuam artistas nacionais e internacionais.
A temporada 2026 da Casa da Música abre com o Festival Ressonâncias, tratando-se de um festival de duas semanas com os vários agrupamentos residentes da Casa da Música a apresentarem-se em novos formatos de aproximação ao público, designadamente com a iniciativa intitulada “Café com Nata”, composta por 11 concertos de música de câmara aos domingos de manhã.
No “Café com Nata” destaca-se a atuação de Conan Osíris, o início da residência de Hèctor Parra e da integral das “Bachianas Brasileiras”.
O artista português Vitorino com o concerto “50 anos a Semear Salsa ao Reguinho” vai também atuar no âmbito do Festival Ressonâncias, depois de já ter passado pela Casa da Música em fevereiro deste ano.
O trio de Manchester GoGo Penguin atua em maio e Joe Jackson está previsto subir ao palco da Casa da Música em outubro, trazendo o seu novo álbum “Hope and Fury”.
A integral das “Bachianas Brasileiras” vai ser apresentada no ciclo musical “Ressonâncias de Villa-Lobos” por diversas formações, entre as quais a Orquestra Sinfónica, Remix e o ensemble de violoncelos da Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo (ESMAE) do Porto.
Outras obras do compositor brasileiro vão ser interpretadas pelo Coro Casa da Música, pelo Serviço Educativo e por outros agrupamentos, incluindo “A Floresta do Amazonas”, com criação visual da artista brasileira Bianca Dacosta, que vai ser uma artista em residência em 2026 na Casa da Música.
Para além do elogio ao compositor brasileiro Villa-Lobos, a programação da Casa da Música vai contemplar outros ciclos musicais como “Ressonâncias de Bach”, “Ressonâncias de Brahms”, “Ressonâncias de Hèctor Parra” e “Ressonâncias no Grande Ecrã”.
No ciclo “Ressonâncias de Bach” vai ser abordada a obra do compositor e cravista alemão Johann Sebastian Bach e está programada, por exemplo, a “Paixão segundo São João”, interpretada pelo Coro e Orquestra Barroca, e a “Arte da Fuga”, com uma recomposição contemporânea de Johannes Schöllhorn.
A presença de Bach vai ainda estar patente no Ciclo de Piano, no Serviço Educativo e em explorações de jazz.
O ciclo “Ressonâncias de Brahms”, dedicado ao compositor e pianista alemão Johannes Brahms, tem programado quatro concertos para solistas e orquestra, com pianistas, violinistas e violoncelistas de projeção internacional.
No ciclo “Ressonâncias de Hèctor Parra”, a Casa da Música vai destacar o trabalho do compositor catalão Hèctor Parra – compositor residente na Casa da Música durante dois anos -, trazendo várias obras e explorando a “interseção entre música, literatura e artes plásticas”.
O ciclo “Ressonâncias no Grande Ecrã” vai agregar cinema, música e experiências audiovisuais, propondo cineconcertos, concertos de videojogos, criações visuais e projeções de areia ao vivo para a obra “O Quebra-Nozes”, do compositor russo Tchaikovski.
Na programação de 2026 também vai estar incluído o Festival Press Start, dedicado à “Pop Culture”, música de videojogos e animação, a Estação Jazz, um festival que celebra a diversidade do jazz, blues, soul, funk, hip hop e música popular brasileira.
O Tempo de Encontros, um conjunto de concertos que cruzam repertórios e formações distintas, e o Festival Amazónia, incluído no ciclo dedicado ao compositor brasileiro Heitor Villa-Lobos também estão previstos para a próxima temporada.
“A temporada 2026 reflete esta tensão histórica entre a necessidade de superar um passado romântico saturado e o desejo de reencontrar um sentido vital e orgânico da música”, lê-se no dossiê de imprensa.
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