ONU denuncia acesso humanitário lento e limitado a Gaza

Nações Unidas, Nova Iorque, 07 nov 2025 (Lusa) – A ONU denunciou hoje que o acesso humanitário a Gaza permanece “limitado a apenas duas passagens de fronteira”, onde a entrada de certos itens e de pessoal de organizações não-governamentais “é proibida”.

“As necessidades urgentes da população continuam enormes e os obstáculos não estão a ser removidos com a rapidez necessária”, lamentou o porta-voz adjunto da ONU, Farhan Haq, numa declaração à imprensa em que se referiu a um relatório do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA).

O OCHA indicou “progressos importantes” na ampliação da ajuda humanitária, apesar de ser ainda insuficiente.

Além disso, os deslocados internos permanecem em “acampamentos improvisados e sobrelotados”, muitos dos quais foram montados espontaneamente em áreas abertas ou inseguras.

“Centenas de milhares de famílias estão a enfrentar o início da estação chuvosa sem a proteção que tanto precisam contra as intempéries”, disse o porta-voz.

No entanto, Haq observou que, desde o cessar-fogo, o Programa Alimentar Mundial (PAM) prestou assistência “a mais de um milhão de pessoas” com distribuição de alimentos, refeições quentes, apoio a padarias, ampliação dos serviços de nutrição e assistência em dinheiro digital.

“Porém, a produção local de alimentos continua a ser um desafio devido aos danos generalizados às terras agrícolas e à contaminação do solo com detritos de guerra. Apenas 13% das terras agrícolas na Faixa de Gaza não foram danificadas, e a maior parte permanece inacessível porque está localizada em áreas onde o exército israelita ainda está presente”, acrescentou Haq.

Até ao momento, apenas 5.420 das 190.000 tendas de acampamento necessárias chegaram, de acordo com o OCHA, dados que mostram que a ajuda humanitária continua insuficiente para atender às necessidades da população.

Organizações internacionais estimaram que o enclave precisa de entre 500 e 600 camiões com ajuda por dia para abastecer a população, mas a quantidade que efetivamente entra é muito inferior, o que agrava a escassez de alimentos e de assistência médica.

O cessar-fogo entrou em vigor em 10 de outubro, embora o exército israelita continue a abrir fogo diariamente contra habitantes de Gaza que se aproximam das posições das tropas, que ainda controlam mais de 50% do território palestiniano.

 

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