
Maputo, 07 nov 2025 (Lusa) – O antigo Presidente de Moçambique (1986-2005) Joaquim Chissano disse hoje que o diálogo nacional inclusivo que decorre no país deve seguir o exemplo do Acordo Geral de Paz e deve criar maior conciliação entre moçambicanos.
“Quando começámos as negociações com a Renamo [Resistência Nacional Moçambicana] não havia confiança nenhuma, haviam suspeitas de ambos os lados e acabámos assinando o acordo porque já havia confiança, e ao longo do percurso essa confiança acabou se quebrando, mas depois foi-se realizando. O que é preciso é realmente persistimos e termos essa confiança para nos sentirmos irmãos e o Acordo Geral de Paz mostrou que é possível”, disse Chissano.
O Acordo geral de Paz, assinado em Roma, em 1992, entre o então Presidente, Joaquim Chissano, e Afonso Dhlakama, líder histórico da Renamo, foi o instrumento que permitiu o cessar-fogo de uma guerra civil que durou 16 anos em Moçambique, opondo o exército governamental e a Renamo, abrindo espaço para as primeiras eleições, dois anos depois.
O antigo chefe de Estado moçambicano falava durante o encontro com a Comissão Técnica para o Diálogo Nacional (Cote), que visitou a fundação de que é patrono, para colher recomendações para operacionalização do diálogo nacional inclusive.
Chissano defende, igualmente, a necessidade de se usar desta oportunidade para criar uma maior reconciliação dos moçambicanos, independentemente do pensamento divergente dos partidos políticos.
“Nós estamos aqui para discutir como uma população única, em que todos deverão colocar as suas ideias”, disse Joaquim Chissano.
O Presidente moçambicano, Daniel Chapo, promulgou em abril a lei relativa ao Compromisso Político para um Diálogo Nacional Inclusivo, aprovada dias antes no parlamento, com base no acordo com os partidos políticos, assinado em 05 de março, para ultrapassar a violência e agitação social que se seguiu às eleições gerais de 09 outubro de 2024.
O acordo para pacificação de Moçambique envolveu a criação da Comissão Técnica para o Diálogo Nacional, que vai tratar, em dois anos, da definição de forças de segurança republicanas e apartidárias, de um novo modelo eleitoral, da revisão da Constituição da República, da reconciliação, unidade nacional e descentralização governativa.
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