
Lisboa, 07 nov 2025 (Lusa) – O candidato presidencial Jorge Pinto admite desistir da corrida a Belém a favor de António José Seguro, desafiando-o a esclarecer o seu posicionamento ideológico, mas exige reciprocidade se a sua candidatura crescer.
“O que disse e reafirmo é que há condições mínimas para considerar uma qualquer convergência de candidaturas, ou uma desistência, se assim quisermos. Desde logo é para que seja um projeto para um candidato de esquerda, e que não tenha vergonha de o dizer, que não ache que a esquerda é uma gaveta”, criticou Jorge Pinto, candidato às eleições presidenciais de 18 de janeiro.
Em entrevista à agência Lusa, o candidato apoiado pelo Livre frisa que não lhe “passa pela cabeça” neste momento desistir, mas admite esse cenário perante determinadas condições: que o candidato em causa seja de esquerda e esteja alinhado com o “pacto republicano” que propôs, em áreas como a saúde ou a habitação.
O deputado desafia os seus adversários à esquerda para que se comprometam a desistir a seu favor caso a sua candidatura seja a mais bem posicionada para uma eventual segunda volta, considerando que “isso é o mínimo”.
“Se a minha [candidatura] começar a crescer, se a minha começar a ter uma dinâmica de vitória, então também quero que lhes seja colocada essa pergunta se eles próprios estão dispostos a desistir a meu favor”, deixa o repto.
Além de Catarina Martins, apoiada pelo BE, e de António Filipe, pelo PCP, Jorge Pinto não exclui António José Seguro, ex-líder do PS, do leque de potenciais candidatos à esquerda pelos quais poderia desistir, mas convida-o a posicionar-se publicamente à esquerda.
“Julgo que António José Seguro será de esquerda: é antigo secretário-geral do maior partido de esquerda da nossa democracia. Se ele tem vergonha de ser de esquerda, ou se acha que ser de esquerda é ser colocado numa gaveta, o problema é dele”, critica.
Jorge Pinto, que antes de fundar o Livre foi militante do PS e se desfiliou em 2013, quando Seguro era líder socialista, socorre-se da carta de desfiliação que endereçou ao largo do Rato para justificar que o seu posicionamento não mudou.
Nessa carta, Jorge Pinto alertava para um “desfasamento entre os partidos e a sociedade, que será perigosíssimo para os partidos e para a própria sociedade” e escrevia que continuaria a ser socialista, mas seria “mais útil” fora do PS.
“Eu não mudei, eu estou exatamente no mesmo sítio. Que o PS ou algumas pessoas como António José Seguro achem agora que é melhor falar com ‘passistas’, achem que é melhor agora falar para a direita, ou eles próprios não se considerarem como esquerda, o problema está do lado deles”, atira, definindo-se como “a candidatura da esquerda democrática que não é apoiada por Pedro Passos Coelho”.
Para Jorge Pinto, Seguro “tem de ser muito mais claro em relação àquilo que quer fazer e àquilo que quer ele próprio ser nesta campanha”.
O deputado do Livre duvida de que qualquer outro candidato, além destes três, esteja disponível para se assumir de esquerda mas aproveitou a ocasião para criticar Henrique Gouveia e Melo, “que um dia é de direita e outro de esquerda”, afirmando que poderia “entrar no jogo” se aceitasse estas condições.
Jorge Pinto rejeitou que o Livre esteja a ir contra o seu ideal de defender consensos à esquerda ao apoiar a sua candidatura e salientou que “não é filho de um Deus menor” para que não se possa candidatar à Presidência da República.
Criticando os restantes candidatos à esquerda por não terem esperado que surgisse um nome agregador ou aceitado participar em “primárias abertas a toda a cidadania”, o dirigente do Livre disse acreditar que é “o candidato que tem mais vontade de ganhar esta eleição”.
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