
Belém, Brasil, 05 nov 2025 (Lusa) – O Presidente brasileiro vai participar na cimeira entre os Estados latino-americanos e caribenhos e a União Europeia (UE), em “solidariedade com a Venezuela”, confirmou hoje a diplomacia brasileira, um dia após o Presidente colombiano tê-lo também anunciado.
O Presidente colombiano, Gustavo Petro, confirmou terça-feira que o seu homólogo brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, participará na IV cimeira da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) e da União Europeia (UE), que se realizará em Santa Marta nos dias 9 e 10 de novembro.
“Agradeço ao Presidente Lula que neste, que é o momento mais duro para a América Latina e o Caribe, decida que nos encontremos em Santa Marta com a Europa. É a hora da unidade, obrigado. Ver-nos-emos (também) na COP30 para lutar por uma economia que nos afaste do colapso climático”, expressou o mandatário na rede social X.
O chefe da diplomacia brasileira, Mauro Vieira, confirmou hoje que o chefe de Estado brasileiro irá à cimeira, e que Lula da Silva tratará da “agenda comum” entre os dois blocos, mas agirá também numa espécie de ato “de solidariedade regional” com a Venezuela.
Lula viajará para Santa Marta a partir da cidade de Belém, na Amazónia brasileira, sede da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), para onde regressará após participar na cúpula.
Vieira referiu que Lula já sublinhou mais de uma vez que a América Latina e o Caribe constituem “uma região de paz e cooperação”, numa clara alusão ao destacamento militar dos Estados Unidos da América em zonas próximas das águas territoriais venezuelanas.
Esta terça-feira, numa conferência de imprensa com correspondentes estrangeiros, onde esteve também a agência Lusa, Lula considerou que a cúpula CELAC-UE só faria sentido se essa presença militar norte-americana em águas do Caribe fosse discutida.
Lula explicou que chegou a conversar sobre o assunto numa reunião recente com o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a quem garantiu que a América Latina deve ser mantida como uma zona de paz.
“Eu disse ao Presidente Trump que os problemas políticos não se resolvem com armas. Resolvem-se com diálogo”, assinalou Lula.
Por outro lado, garantiu que o Brasil tem “todo o interesse” em ajudar no conflito e opinou que os EUA, se querem lutar contra o narcotráfico, deveriam “estar a tentar ajudar estes países” em vez de “disparar” contra eles.
Nos últimos meses, as forças que os EUA deslocaram para o Caribe lançaram uma série de ataques contra lanchas civis, em águas do Caribe perto da Venezuela e no Pacífico em zonas próximas da Colômbia, sob o pretexto de combater o narcotráfico.
Desde o início de setembro, pelo menos 60 pessoas morreram devido a estes ataques, algo que o alto comissário da ONU para os direitos humanos, Volker Türk, condenou e classificou como “execuções extrajudiciais”.
O Governo colombiano espera a assistência de pelo menos uma dúzia de mandatários à cúpula em Santa Marta, para a qual foram convidados os chefes de Estado ou de Governo dos 33 países da CELAC e dos 27 da UE, embora a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, não vá comparecer.
NYC // ANP
Lusa/Fim
