Guterres pede 1,3 mil milhões de euros para responder à crise no Afeganistão

Nações Unidas, 04 nov 2025 (Lusa) – O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, reiterou que ainda são necessários mais de 1,5 mil milhões de dólares (1,3 mil milhões de euros) para fazer face à crise humanitária no Afeganistão.

O português lamentou na segunda-feira que apenas um terço do plano de ajuda da ONU tenha sido desembolsado até ao momento.

Os comentários de Guterres surgiram após um sismo de magnitude 6,3 no norte do Afeganistão ter feito pelo menos 27 mortos e ferido mais de 900, agravando a crise provocada por um outro abalo, no final de agosto, que fez mais de dois mil mortos.

“A ONU continua a apelar ao apoio para enfrentar a crise humanitária no Afeganistão. O nosso apelo ainda está muito aquém do necessário”, lamentou Farhan Haq, porta-voz adjunto do secretário-geral das Nações Unidas.

“Pouco mais de um terço dos 2,4 mil milhões de dólares [2,1 mil milhões de euros] do Plano de Resposta e Necessidades Humanitárias foi financiado, deixando um défice de mais de 1,5 mil milhões de dólares”, disse Haq.

Numa conferência de imprensa, o porta-voz salientou que, antes do terramoto de agosto, o país já enfrentava “seca e serviços básicos limitados após o regresso de mais de dois milhões de pessoas ao Afeganistão este ano, além de pobreza crónica”.

Haq confirmou que a ONU já está a colaborar com as autoridades nacionais e do norte do Afeganistão, particularmente as que se dedicam à gestão de catástrofes, para “avaliar a situação e coordenar a prestação de assistência humanitária”.

Apesar dos talibãs terem proibido as mulheres de trabalharem com organizações não governamentais, o porta-voz explicou que a ONU está “em negociações” com Cabul para “garantir que as mulheres possam participar” nos trabalhos de ajuda.

“Estão em curso discussões com elas sobre a participação contínua de mulheres trabalhadoras humanitárias, que são essenciais para a resposta ao sismo”, disse Haq.

Apesar disso, o porta-voz de Guterres negou que mulheres afegãs tivessem trabalhado com as Nações Unidas antes do abalo que devastou as províncias de Balkh e Samangan, no norte do país, no domingo.

“Esta questão continua em aberto. Por isso, continuamos a discuti-la com eles [os talibãs]. Impuseram restrições e já nos ouviram dizer repetidamente que isto é injusto e prejudica o nosso trabalho humanitário”, acrescentou Haq.

Este terramoto surge após um outro de magnitude 6 ter atingido, no final de agosto, as províncias orientais de Kounar, Laghman e Nangarhar. O sismo, o mais mortífero da história recente do Afeganistão, matou 2.205 pessoas, feriu outras 3.640 e destruiu quase sete mil casas, de acordo com as autoridades talibãs.

O Afeganistão é frequentemente atingido por terramotos, especialmente na cordilheira Hindu Kush, perto da junção das placas tectónicas eurasiática e indiana.

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