
Lisboa, 29 out 2025 (Lusa) — A associação de defesa dos clientes bancários disse que a venda do Novo Banco não pode ser um sucesso enquanto persistirem “vítimas por ressarcir” e considerou simbólico que a conclusão do processo coincida com buscas à instituição.
“A ABESD — Associação de Defesa das Vítimas do BES — considera profundamente simbólico que, no próprio dia em que o Estado conclui a venda do Novo Banco, a Polícia Judiciária realize buscas à instituição e à sua auditoria”, defendeu, em comunicado.
Para a associação, esta coincidência é irónica, “se não mesmo reveladora de uma certa justiça moral”, sublinhando que a confiança no sistema financeiro permanece abalada.
A ABESD considerou ainda que o processo de venda do Novo banco não pode ser apresentado como um sucesso, enquanto existirem 1.900 pequenos aforradores sem qualquer compensação.
A associação defendeu que o restabelecimento da confiança no sistema financeiro português exige a reparação das vítimas, o ressarcimento do Estado, o julgamento célere dos responsáveis, além do reforço da supervisão.
“Estima-se que o julgamento do processo-crime não termine antes de 2028 e a ABESD pergunta-se quantos crimes vão prescrever até lá, quantos fundos arrestados aos arguidos vão ser libertos e como poderá ser restabelecida a confiança se o Governo não atuar”, alertou.
A Polícia Judiciária realizou hoje buscas na sede do Novo Banco e nas instalações da consultora KPMG, em Lisboa, confirmou fonte oficial daquela polícia, que não quis adiantar mais informação.
Segundo a CNN Portugal, que avançou com a notícia das buscas, estarão em causa suspeitas de crimes relacionados com a venda de ativos do extinto Banco Espírito Santo.
O ministro de Estado e das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, defendeu hoje que a operação de venda do Novo Banco reforça a diversificação do sistema bancário nacional e evita “concentrações excessivas”.
“Esta operação reforça a diversificação do sistema bancário nacional, evitando concentrações excessivas e assegurando o equilíbrio e a competitividade do mercado financeiro português”, disse Joaquim Miranda Sarmento, na cerimónia de assinatura dos acordos de adesão do Estado Português e do Fundo de Resolução ao contrato de venda do Novo Banco, em Lisboa.
O ministro foi o último a intervir naquele que apelidou de “um momento de especial significado”.
Em junho deste ano, foi acordada a venda ao grupo bancário francês BPCE por 6.400 milhões de euros.
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