BD “Astérix na Lusitânia” vai sair em mirandês em fevereiro de 2026

Lisboa, 29 out 2025 (Lusa) — O livro de banda desenhada “Astérix na Lusitânia”, dos autores franceses Fabcaro e Didier Conrad, vai ser publicado em língua mirandesa em fevereiro de 2026, revelou à Lusa fonte da editora Asa.

De acordo com a editora, o livro terá por título “Asterix na Lhusitánia” e junta-se a outros volumes das aventuras dos dois gauleses já traduzidos para mirandês como “La Spadanha Branca” (2024), “Asterix an Eitália (2017) e “Asterix l Goulés” (2005).

A primeira proposta de tradução das aventuras do pequeno gaulês para mirandês data de 2001, ano em que se assinalavam os 40 anos da publicação do herói criado por René Goscinny e Albert Uderzo.

O mirandês é uma língua oficial de Portugal que tem sido transmitida oralmente ao longo dos séculos, desconhecendo-se com exatidão o número de falantes deste idioma com o estatuto de ameaçada, que tem como berço a chamada Terra de Miranda.

Quando foi lançada a edição de “La Spadanha Branca” (“O Lírio Branco”), o tradutor Carlos Ferreira explicou à Lusa que as traduções para mirandês são “feitas com pinças”: “Temos uma tradução dos textos muito apurada dentro do universo do Astérix que é muito gaulês, quer do ponto de vista histórico quer da atual sociedade francesa. É preciso muita imaginação e conhecimento para trazer todas as emoções para a língua e sociedade mirandesa”.

Carlos Ferreira, que defende a necessidade de o mirandês, como língua minoritária, ser reconhecido pela qualidade da sua escrita, disse ainda que “estas traduções não são livres”: “Tem de haver muito rigor”, afirmou então. “Cada regionalismo que colocamos no conto, temos de o explicar [aos autores]”.

A primeira proposta de tradução das aventuras do pequeno gaulês para mirandês data de 2001, ano em que se assinalavam os 40 anos da publicação do herói criado por René Goscinny e Albert Uderzo.

“Astérix na Lusitânia”, lançado a nível mundial no passado dia 23, é o 41.º álbum de uma das mais conhecidas e vendidas séries de banda desenhada, originalmente assinadas por René Goscinny e Albert Uderzo, e que atualmente tem continuidade com os autores Fabcaro, nome artístico de Fabrice Caro (argumento), e Didider Conrad (desenho).

Em entrevista à agência Lusa em Paris, o argumentista disse que o livro é “uma homenagem à cultura lusitana, à saudade”.

“Nós fomos a Portugal, vimos concertos de fado e foi maravilhoso. Quando fazemos um álbum de viagem a um país que existe realmente, nós queremos que o país goste”, disse Fabcaro.

Durante uma das três visitas ao país, Fabcaro teve a ideia de levar os dois gauleses para Portugal pela primeira vez para dar a conhecer “um pouco da cultura lusitana” e da história de Portugal aos leitores, após visitarem mais de 15 países acompanhados do seu fiel companheiro de quatro patas, Ideiafix.

“Eu queria um álbum ao lado do mar, num país do Sul, com água, sol, luz bonita, fachadas coloridas. Um álbum que me desse vontade de ir de férias, então Portugal foi perfeito”, acrescentou.

Apesar de não terem muitos conhecimentos sobre Portugal na época romana, foi através da pesquisa – que incluiu conhecer “a história de Viriato” e a produção de garum (molho popular na Roma Antiga, feito a partir da fermentação de peixes e sal) – que surgiu a história para a nova aventura da dupla de gauleses mergulhada num sentimento de saudade, símbolo da identidade portuguesa.

O livro aborda ainda vários estereótipos, com referências a fado, bacalhau, calçada, azulejo e vinho, sempre com o humor característico das personagens, que o autor espera “não conter erros” e agradar a todos, mas principalmente aos leitores portugueses.

Neste novo álbum, que levou um ano e meio a ser produzido, Didier Conrad tentou novamente respeitar a “difícil” tarefa de manter o estilo de Uderzo, “que evoluiu muito através dos álbuns”, ao dar vida às novas personagens e às paisagens portuguesas.

“Uderzo sempre fez como ele queria, podia variar bastante de um álbum para outro. Então, eu tenho de escolher o que me parece o melhor e isso pode ser complicado”, afirmou Didier Conrad à Lusa.

“Astérix na Lusitânia”, que teve uma tiragem mundial de cinco milhões de exemplares, foi publicado em Portugal pela editora Asa numa primeira tiragem de 80.000 exemplares, e teve apresentação oficial pelos autores na segunda-feira passada, em Lisboa.

SS/FYP (MYCO) // MAG

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